Ganhei estes poemas de um grande amigo e poeta, conhecido no site da Magriça (saudades tantas!)...
Obrigada Éolo, por me ler, por me escrever!
bjks
QUEL
(Para Raquel Donegá que sabe a dor do ofício)
Quando escrevo, Raquel, esqueço os limites
e faço palavras como quem se esgota.
Quando escrevo, Raquel, sou transparente
porque não sei dizer tudo quanto me revela.
Quando escrevo Raquel, queria ser como você
e inventar parâmetros como se as bordas do poema
fossem as margens de oceanos inacabados.
Quando escrevo, Raquel, penso suas palavras
e não consigo fazer do poema a sua história
porque mentimos – você e eu – palhaços
de uma mesma emoção.
Quando escrevo, Raquel
você muda de estado
muda de forma.
E ainda que não me saiba
sabe tudo quanto importa.
Raquel II
A tarde solta
solta você louca
na tarde morta.
E nada que possa
alcançar a graça
de amar a louca
atinge a tarde
rarefeita e parca.
Somos dois
e somos muitos
ainda que não seja tudo,
ao menos que não seja tarde.
Lendo e lembrando:
"Quanto aos meus pobres versos, tanto são para você, quanto são seus. Se quiser publicá-los, eu recebo sua intenção como homenagem, e seu gesto como um abraço de sua generosidade. Eles são o que tenho para partilhar porque minha alma já se fragmentou há muito tempos nas coisas que escrevi e plantei, com profunda concentração, nas margens do caminho.
Nós somos maiores que nossos poemas porque eles cabem dentro de nós e não ao contrário. O verso ruim, é este soluço que o tempo marca em nossa pele para que nos aquietemos. Tenha esperança. Seu verso virá, ainda que não seja agora. É sua sina. Bendita e benfazeja. Uma doce cruz sem Cireneu."
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