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domingo, 26 de setembro de 2010

A terceira

O ambiente não era lá muito agradável e nem parecia com aquilo que ele esperava para prever seu futuro, sempre imaginara uma tenda com uma bela espanhola peituda vestida em tons de vermelho, verde e preto... Mas, não! Estava lá, sentada à sua frente, uma loira oxigenada. De certo que ela se considerava autodidata e teria estudado em livros de taro para prever o futuro dos outros, atribuindo a si mesma alguma forma de premonição, mas o futuro é um mistério mesmo... Que mal havia em ouvir a opinião dela?

É claro que ela teceu comentários dos mais variados naipes, falou que ele precisava aprender a guardar dinheiro, planejar o futuro, que um amigo não era confiável, que havia muita inveja sobre ele, nada que a mãe dele nunca dissera antes. Mas o que o marcou de verdade foi aquela frase, dita em ritmo pausado à La Matrix, a terceira, a terceira mulher com quem se envolver será o amor da sua vida, dissera aquilo com um olhar tão enigmático e vazio que parecia ter certeza absoluta do que estava dizendo.

No auge dos seus vinte e cinco anos ele provavelmente não queria encontrar tão logo o amor da sua vida, mas três mulheres, três, isso parecia tão pouco, depois parecia tanto, ele tinha uma namorada, porque não ela? Ela seria a número um ou deveria contar a partir dela? Se a mulher era mesmo vidente devia ter previsto que ele não acreditaria em nada do que ela disse e se poupado de tanto blábláblá... mas três. Agora sua vida não seria de busca, apenas de espera.

Pelo menos foi isso que pareceu no primeiro ano seguinte à consulta, lento, manso, ele nem chegou a amar, parecia que a vida estava com o freio de mão preso: playboy, sexo sem compromisso, cerveja, cigarros, música dos outros, reflexões que datavam de bem antes de aquela loira invadir sua vida com duas mulheres que não representariam nada e apenas uma, a terceira, que seria a mulher. Aquele ano passou choroso, derramando cada dia de uma vez no longo balde de míseras notícias que ele já esquecera e que nem fizeram sentido quando aconteceram. Sequer era ano de eleição e tudo se resumia em um não ser quase ridículo.

Soprou vinte e seis velas em outro fevereiro quente e com chuvas fortes, um ano em branco: vazio de amores, seco de gozos e prazeres intensos ou pelo menos compensadores, um ano a mais longe da terceira, aquela mulher bendita que ele aguardava sem pressa, porque de forma misteriosa acreditava que viria, um dia.

Mas enfim chegou a primeira, ou seria a segunda? Já nem se lembrava ao certo do porque tinha terminado tudo com aquela namorada que insistira para que ele procurasse uma cartomante, talvez ela quisesse saber mais de suas incertezas do que ele mesmo (será que ela queria ouvir que ela era a escolhida?) e, convenhamos, aos vinte e cinco quem não sabe nada do futuro não planejou coisa nenhuma e tá procurando um culpado.

Por incrível que pareça, surgiu em sua vida uma mulher, mas era só a primeira, a primeira de um ano cheio de bonança e prazeres passageiros, o que o ano anterior poupou, ele gastou sem dó. Beijou, pegou, apertou, gozou a vida da forma mais deliciosa que poderia, mas sempre pensando que ela não era a terceira... Precisava conhecer a segunda logo.

A segunda, a segunda, a segunda. O número dois era seu favorito, pensava ele uma noite antes de dormir... dois seios, dois olhos brilhantes, duas mãos a lhe acariciar, mesmo dois chocolates eram sempre melhor do que um, e antes das duas da manhã ele nunca dormia... É... talvez a segunda lhe trouxesse mais do que lhe trouxe a primeira.

Chuva, trovões, tempo úmido, barro nos sapatos, camisas molhadas, risos histéricos, dois olhos com hímel escorrendo, um olhar. Era ela. Infelizmente era a segunda... seus lábios eram tão macios quanto um colchão e ele adorava se jogar neles. Aqueles olhos brilhantes pareciam penetrar-lhe a alma e os braços?! Braços aconchegantes e tão perfumados que dava vontade de ser abraço pra sempre... Certa noite, depois de encontrá-la, chegou a pensar que talvez ela fosse mesmo a terceira, não poderia ter sido a namorada a primeira?... Vai saber... Depois de pensar, resolveu investir na relação: mediu o dedo dela sob sua mão, comprou uma pequena e delicada aliança prateada, flores e chocolates... Os lábios dela ficavam ainda mais deliciosos doces.

Encontrou-a. O anel foi posto em seu dedo de forma inusitada: “amor, que é isso no seu cabelo?”... dedos enlaçados, lábios doces, beijos deliciosos, amor... amor!... amor? É... As coisas mudaram no outro dia. De alguma forma ela – a terceira? – já não era mais a mesma. Sorria pouco, não atendia aos telefonemas, mensagens e respostas monossilábicas. Bastou um que você tem para que ela chorasse, dissesse que o amava muito, mas que não o merecia. Talvez ela não fosse a terceira... ou ele a perdera na ansiedade de possuí-la.

Fossa! Choro! Ligações sem resposta! Depois? Cerveja, vodca, whisky... Dias sem comer direito. Quase cinco quilos a menos, olheiras, cheiro de cigarro, cabelo ser cortar... Seria engraçado se não fosse trágico. Depois de uma ervinha, riu, lembrando-se da loira peituda. Filha da puta! Queria esquecer a terceira, mas como esquecer algo que não existe?! Na verdade, o seu sofrimento era muito dolorido, dor mesmo era não saber se a mulher do anel era a terceira ou apenas a segunda.


Agradeço à contribuição maravilhosa do DuduLuiz de Souza (escritor, pesquisador e músico mineiro).

Procurando...

Em cima do muro procurando ideias...

A poesia me deixou
ou será que eu deixei a poesia perdida embaixo da rotina?

Quem saberá?

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Raul fora da lei


Eu ando cansada dessa poesia que não engrandece
Se Raul Seixas estivesse vivo
Certamente riria do mundo
Riria da poesia medíocre e retrógrada
Que ainda hoje se cisma escrever

Enquanto eu me canso dessa poesia irreflexiva
Que somente prescreve o que deve ser feito
O poeta me diz “o certo é o errado e o errado é o certo”
E eu não tenho colírio nem uso óculos escuros
Atualmente estou cega, com uma visão enferrujada.

Minha poesia já não tem voz
E a vida alternativa é mito, utopia
Tudo que faço é controlado
Pelo sistema, pela crítica
Pelo meu chefe, minha mãe, pelo...

Tudo nesse mundo me lembra um carimbo
Se não for carimbado, registrado, com selo de qualidade
Não será lido, não será pensado
O que eu queria mesmo era fazer parte disso
Mas eu não posso, isso tudo não sou eu.

“Plut plat zum” eu estou me partindo
Mas não sem problema algum
mas é melhor assim
porque se eu parar...
eu juro
que não aguento...


Enquanto isso... Camila ri com seus olhos pequenos... Ri de mim!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Proposta de Produção de texto dissertativo

Proposta de trabalho – Texto Argumentativo

1 Série a que se destina: 3º Ano – Ensino Médio

2 Objetivos (para a leitura e produção escrita):

Desenvolver as competências leitoras e escritoras de textos argumentativos dentro da tipologia dissertativa.
Relacionar imagens e texto
Relacionar a dissertação ao seu contexto de produção (interlocutores, finalidade, lugar e momento em que se dá a interação) e suporte de circulação original (geralmente voltado para as provas, mas pode-se pensar em jornais e artigos de opinião que usam a tipologia)
Identificar o tema do texto

Reconhecer os efeitos de sentido provocados pela combinação, no texto, de introdução, argumentos e opiniões

Inferir, a partir de elementos presentes no próprio texto, o uso de palavras ou expressões de sentido figurado.

Aceitar ou recusar as posições ideológicas identificadas nos textos

Estabelecer relações intertextuais entre o texto e outros a que se referem.

Planejar o texto dissertativo: ler os textos oferecidos como suporte, pesquisar outras informações, conhecer o tema de que tratará.

Produzir dissertação, levando em conta o gênero e seu contexto de produção, estruturando-o de maneira a garantir a relevância das partes em relação ao tema e aos propósitos do texto e a continuidade temática.

Revisar e editar o texto.

Produzir título para texto

Identificar os elementos constitutivos do gênero: título, introdução (ancoragem), desenvolvimento (procedimentos argumentativos) e conclusão.


3 Conceitos explorados: linguagem denotativa e conotativa, texto argumentativo (introdução, desenvolvimento e conclusão), procedimentos e recursos argumentativos (exemplificação, explicitação, enumeração e comparação)

4 Reprodução dos textos utilizado (como suporte):
http://www.fuvest.br/vest2007/provas/2fase/por/por06.stm (proposta de redação da Fuvest 2007)

http://www.fuvest.br/vest2007/bestred/502456.stm (texto com boa nota)

http://www.fuvest.br/vest2007/bestred/507909.stm (texto com boa nota)


5 Descrição da proposta:
Esta proposta visa proporcionar aos alunos uma vivência próxima da que será exigida no momento de realização do vestibular. Orientando-os sobre os procedimentos argumentativos a serem usados numa dissertação.

6 Explicação das estratégias a serem utilizadas para o desenvolvimento da proposta:
a. Retomada do conhecimento prévio dos alunos acerca do tema amizade;
b. Distribuição de uma cópia da proposta de redação para que os alunos possam acompanhar a leitura e ter o material para consulta posterior;

c. Leitura da proposta em voz alta, com intervenções dos alunos sobre suas opiniões;

Leitura dos textos modelos expostos no site, atentando para os argumentos e recursos utilizados. É interessante que o professor use estes e outros textos com o mesmo tema (há outro no site da FUVEST) para ilustrar os recursos.

d. Esclarecimento sobre a construção do primeiro parágrafo e dos recursos de introdução.(tanto pode-se trabalhar com a proposta de Sayeg-Siqueira, que aborda a ancoragem e a conceituação no primeiro parágrafo, quando a de Antonio Carlos Viana, que segue abaixo)

ARTICULAÇÃO DO PRIMEIRO PARÁGRAFO

18 FORMAS PARA VOCÊ COMEÇAR UM TEXTO

Ao escrever seu primeiro parágrafo, você pode fazê-lo de forma criativa. Ele deve atrair a atenção do leitor. Por isso, evite os lugares-comuns como: atualmente, hoje em dia, desde épocas remotas, o mundo de hoje, a cada dia que passa, no mundo em que vivemos, na atualidade.

Listamos aqui dezoito formas de começar o seu texto, elas vão das mais simples às mais complexas.

1. Uma declaração - é a forma mais comum de começar um texto. Procure fazer uma declaração forte, capaz de surpreender o leitor.

É um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda. (Alberto Corazza, Isto é, dez. 1995)

2. Definição – é uma forma simples e muito usada em parágrafos-chave, sobretudo em textos dissertativos. Pode ocupar só a primeira frase ou todo o primeiro parágrafo.

O mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. É um modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão e não-crítico de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão, também, as formas de ação humana. (ARANHA, M.L.A.; MARTINS, M. H.P. Temas de filosofia. São Paulo, Moderna, 1992. P. 62)

3. Divisão – o autor separa duas ideias explicando-as no parágrafo que segue.

Predominam ainda no Brasil duas convicções errôneas sobre o problema da exclusão social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder público e a de que sua superação envolve muitos recursos e esforços extraordinários. Experiências relatadas nesta Folha mostram que o combate à marginalidade social em Nova York vem contando com intensos esforços do poder público e ampla participação da iniciativa privada. (Folha de S. Paulo, 17 dez. 1996)

4. Oposição – O autor cria uma oposição entre as ideias para seguir para a argumentação.

De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo governo. De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parabólicas, aparelhos de videocassete. É esse o paradoxo que vive hoje a educação no Brasil.

5. Alusão histórica – O conhecimento dos principais fatos históricos ajuda a iniciar um texto. O leitor é situado no tempo e pode ter uma melhor dimensão do problema.

Após a queda do Muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. As fronteiras foram derrubadas e a economia entrou uma rota acelerada de competição.

6. Uma pergunta A pergunta não é respondida de imediato. Ela serve para despertar a atenção do leitor para o tema e será respondida ao longo da argumentação.

Será que é com novos impostos que a saúde melhorará no Brasil? Os contribuintes já estão cansados de tirar dinheiro do bolso para tapar um buraco que parece ao ter fim. A cada ano, somos lesados por novos impostos para alimentar um sistema que só parece piorar.

7. Uma frase nominal seguida de explicação – Usa-se uma frase com núcleo nominal.

Uma tragédia. Essa é a conclusão da própria Secretaria da Avaliação e Informação Educacional do Ministério da Educação e Cultura sobre o desempenho dos alunos do 3º ano de 2ºgrau submetidos ao Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que ainda avaliou estudantes da 4ª série e da 8ª série do 1º grau em todas as regiões do território nacional. (Folha de S. Paulo, 27 nov. 1996)

8. Adjetivação – iniciar uma frase com um adjetivo é a base para desenvolver um tema.

Equivocada e pouco racional. Esta é a verdadeira adjetivação para a política educacional do governo. (Anderson Sanches, INfocus, n.5, ano 1, out. 1996. p.2)

9. Citação – A citação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela será retomada.

“As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não chorarem mais, trazerem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e irem embora”. O comentário, do fotógrafo Sebastião Salgado, falando sobre o que viu em Ruanda, é um acicate no estado de letargia ética que domina algumas nações do Primeiro Mundo. (DI FRANCO, C.A. Jornalistmo, ética e qualidade. Rio de Janeiro, Vozes, 1995. 0.73)

10. Citação de forma indireta Esse recurso deve ser usado quando não sabemos textualmente uma citação. É melhor citar de forma indireta do que de forma errada.

“Para Marx a religião é o ópio do povo. Raymond Aron deu o troco: o marxismo é o ópio dos intelectuais. Mas nos Estados Unidos o ópio do povo é mesmo ir às compras. Como as modas americanas são contagiosas, é bom ver de que se trata. (Claudio de Moura e Castro, Veja, 13 nov. 1996)

11. Exposição do ponto de vista oposto – Ao começar o texto com uma opinião contrária, delineia-se de imediato, qual a posição dos autores. O objetivo será refutar os argumentos do opositor, numa espécie de contra-argumentação.

O ministro da Educação se esforça para convencer de que o provão é fundamental para a melhoria da qualidade do ensino superior. Para isso, vem ocupando generosos espaços na mídia e fazendo milionária campanha publicitária, ensinando como gastar mal o dinheiro que deveria ser investido na educação. (Orlando Silva Junior e Eder Roberto Silva, Folha de S. Paulo, 5 nov. 1996)

12. Comparação – para introduzir um tema o autor estabelece comparações.

O tema da reforma agrária está presente há bastante tempo nas discussões sobre os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação entre o movimento pela abolição da escravidão no Brasil, no final do século passado e, atualmente, o movimento pela reforma agrária, podemos perceber algumas semelhanças. Como na época da abolição da escravidão existiam elementos favoráveis e contrários a ela, também hoje há os que são a favor e os que são contra a implantação da reforma agrária no Brasil. (OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia. São Paulo, Ática, 1991. p.101)

13. Retomada de um provérbio – sempre que você usar esse recurso, não escreva o provérbio simplesmente. Faça um comentário sobre ele para quebrar a ideia de lugar-comum que todos eles trazem.

O corriqueiro adágio de que o pior cego é o que não quer ver se aplica com perfeição na análise sobre o atual estágio da mídia: desconhecer ou tentar ignorar os incríveis avanços tecnológicos de nossos dias, e supor que eles não terão reflexos profundos no futuro dos jornais é simplesmente impossível. (Jayne Sirotsky, Folha de S. Paulo, 5 dez. 1995)

14. Ilustração – Você pode começar narrando um fato para ilustrar o tema.

O Jornal do Comércio, de Manaus, publicou um anúncio em que uma jovem de dezoito anos, já mãe de duas filhas, dizia estar grávida mas não queria a criança. Ela a entregaria a quem se dispusesse a pagar sua ligação de trompas. Preferia dar o filho a ter que fazer um aborto. O tema é tabu no Brasil. (...) (A. C. Viana, O quê, edição de 16 a 22 jul. 1994)

15. Uma sequencia de frases nominais (sem verbo) – Aqui as estruturas frasais devem ser semelhantes, favorecendo o paralelismo.

Desabamento de shopping em Osasco. Morte de velhinhos numa clínica do Rio. Meia centena de mortes numa clínica de hemodiálise em Caruaru. Chacina de sem-terra em Eldorado dos Carajas.

Muitos meses já se passaram e esses fatos continuam impunes.

16. Alusão a um romance, um conto, um poema, um filme – um resumo da obra serve de introdução para desenvolver o tema da intolerância religiosa.

Quem assistiu ao filme A rainha Margot, com a deslumbrante Isabelle Adjani, ainda deve ter os fatos vivos na memória. Na madrugada de 24 de agosto de 1572, as tropas do rei de França, sob ordens de Catarina de Médicis, a rainha-mãe e verdadeira governante, desencadearam uma das mais tenebrosas carnificinas da História. (...)

Desse horror a História do Brasil está praticamente livre (...)

17. Descrição de um fato de forma cinematográfica O parágrafo se desenvolve por meio de flashs, o que dá agilidade ao texto e prende a atenção do leitor.

Madrugada de 11 de agosto. Moema, bairro paulistano de classe média. Choperia Bodega – um bar da moda, frequentado por jovens bem-nascidos.

Um assalto. Cinco ladrões. Todos truculentos. Duas pessoas mortas: Adriana Ciola, 23, e José Renato Tahan, 25. Ela, estudante. Ele, dentista. (Josias de Souza, Folha de S. Paulo, 30 set. 1996)

18. Omissão de dados identificadores­ – Cria-se uma expectativa em relação ao tema.

Mas o que significa, afinal, esta palavra, que virou bandeira da juventude? Com certeza não é algo que se refira somente à política ou às grades decisões do Brasil e do mundo. Segundo Tarcisio Padilha, ética é um estudo filosófico da ação e da conduta humanas cujos valores provêm da própria natureza do homem e se adaptam às mudanças da história e da sociedade. (O Globo, 13 set. 1992)

e. Orientar os alunos a escreverem os aspectos que querem defender sobre o tema, para que possam usá-los para introduzir sua dissertação. Eles podem se orientar pelas questões:

Que questões podem ser feitas acerca do tema?

Que posição vou defender?

Que argumentos vou usar para defender minha opinião?

f. Solicitar aos alunos a produção do primeiro parágrafo.

g. Recolher e fazer intervenções OU corrigir enquanto escrevem, pois eles costumam mostrar assim que acabam.

h. Somente após o aluno ter construído um primeiro parágrafo adequado deve-se pedir que ele desenvolva seus argumentos
i. Explicar os tipos de recursos argumentativos que podem ser utilizados, sugiro a proposta de Sayeg-Siqueira, que segue:

PROCEDIMENTOS ARGUMENTATIVOS

Sempre que um texto é produzido, estabelece-se para ele um leitor, ou um receptor, que pode ser alguém específico, como é o caso de uma carta, ou alguém virtualmente estabelecido, sem que se tenha conhecimento preciso do leitor que se vai ter, ou seja, qualquer um. Mas, tanto faz o tipo de leitor, o importante mesmo é que seja instaurado um processo comunicativo entre autor e leitor, via texto.

Em todo processo comunicativo, informa-se algo para alguém, e o texto é elaborado de forma que o leitor entenda, assimile e a te aceite a informação que está sendo transmitida.

Para que isso aconteça o autor lança mão de procedimentos chamados de Argumentação. O procedimento não é uma característica só do texto dissertativo, mas de qualquer tipo de texto, uma vez que é uma característica inerente à própria linguagem. Dessa forma, podemos dizer que todos os recursos utilizados para se estabelecer uma interação comunicativa é um procedimento argumentativo. Daí ser uma característica da própria linguagem.

Assim, na dissertação, o procedimento argumentativo está diretamente ligado ao tipo de ancoragem apresentado e, principalmente, à opinião formulada, uma vez que entre ancoragem e opinião, existe uma estreita ligação.

1. Argumentação eficaz

São diversos os recursos argumentativos utilizados pelo autor para justificar sua opinião – o importante é a forma como o argumento é apresentado, pois precisa ser consistente, passando para o leitor um valor de verdade.

Quando a opinião formulada pelo autor trouxer dúvida, inquietação, desconhecimento, ela precisa ser justificada e essa justificativa tem de ser condizente com a expectativa criada, ou seja, responder à dúvida, inquietação ou desconhecimento decorrentes.

Se as justificativas apresentadas são adequadas, dizemos que o texto apresenta boa argumentação, ou seja, a opinião do autor foi bem fundamentada e pode levar o outro a compreender a informação transmitida e até a aceitá-la.

Quando isso acontece, dizemos que a argumentação é eficaz e que o texto cumpriu seu objetivo no processo de interação comunicativa entre autor e leitor.

2. A argumentação falaciosa

No entanto, isso nem sempre acontece, muitas vezes, por descuido do autor ao fundamentar sua opinião, ou por falta de conhecimento mais aprofundado sobre o assunto.

Quando a argumentação não é consistente, ou seja, não se fundamenta em bons argumentos, não responde às dúvidas do leitor de forma eficaz, diz-se que é falaciosa, falsa, por não confirmar com justeza a opinião formulada pelo autor.

Assim, devemos nos preocupar com dois aspectos ao escrever um texto dissertativo: a falácia e eficácia.

RECURSOS ARGUMENTATIVOS PARA FUNDAMENTAR UMA OPINIÃO

1. Exemplificação

Quando a opinião formulada é possível de ser ilustrada, adota-se o recurso argumentativo da exemplificação. Isso porque a opinião formulada é passível de ser ilustrada, uma vez que ela apresenta uma completude significativa.

2. Explicitação

Quando a opinião fala de conceitos que não são explícitos, ou seja, totalmente claros, o mais adequado é utilizar o recurso da explicitação, pois ele permite que sejam feitas inferências sobre o tema abordado.

3. Enumeração

Quando se sabe exatamente a quantidade de fatores a serem discutidos e defendidos acerca da opinião, utilizamos o recurso da enumeração, no qual não devemos nos esquecer de deixar claros quais são os fatores e nem de explicitar cada um deles.

4. Comparação

Quando se faz referência ao passado ou a outras culturas, situações se pode adotar o recurso da comparação, de forma a estabelecer um paralelo entre a opinião defendida e a referência citada, garantindo com isso a credibilidade da opinião.

A ARGUMENTAÇÃO MAIS EFICAZ E CONSISTENTE

Para tornar o recurso argumentativo mais sólido, cumprindo assim, com maior eficácia, sua função, pode-se expandi-lo através de diferentes meios: ordenação, classificação, hierarquização, causa, consequência, definição, qualificação, interpretação, tempo, espaço, dados estatísticos, testemunhos, analogia, contraste etc.

1. Exemplificação por hierarquização e dados estatísticos

A hierarquização decorre da relação do mais genérico (geral) para o mais específico. Aqui, os dados estatísticos são mostrados pelos números e pela porcentagem.

2. Exemplificação por apresentação de causas

O autor apresenta exemplos e para esclarecê-los levanta causas que o justifiquem.

3. Explicitação por definição e testemunho

O autor procura explicitar um “porquê” buscando estabelecer para ela uma definição mais precisa, apoiando-se, inclusive, em testemunhos de culturas diversas, como indianos, chineses etc.

4. Explicitação por interpretação

O autor tenta explicar algo explicitando-o através de interpretações, a partir de diversos fatores.

5. Enumeração de fatores por sequência de tempo

Faz-se uma enumeração apresentando as datas (ou períodos temporais) em que ocorreram.

6. Enumeração de fatos por sequência de lugares

O autor apresenta uma sequência de lugares que marcam o percurso espacial percorrido por um determinado fator. A enumeração NÃO é marcada por numerais (elementos de valor numérico), mas por advérbios que exercem a mesma função: “inicialmente”, “depois” e “finalmente”, por exemplo.

7. Comparação por analogia

O autor compara, por traços semelhantes.

Analogia: s.f. Relação, semelhança de uma coisa com outra: analogia de formas, de gostos. http://www.dicio.com.br/analogia/

8. Comparação por contraste

A autora compara duas tendências diversas acerca de um assunto partindo de seus aspectos diferentes e contrastivos.

j. Os alunos, então, devem retomar suas anotações, construindo, a partir da proposta do primeiro parágrafo os parágrafos argumentativos defendendo a posição assumida.

k. A partir disso, pode-se fazer intervenções antes ou depois de propor a construção da conclusão, sugiro abordar as formas propostas também por Sayeg-Siqueira, veja:

COMO ELABORAR UMA CONCLUSÃO

A conclusão, no texto dissertativo, é apresentada como um resultado, decorrente da ancoragem proposta, da opinião formulada e dos recursos argumentativos apresentados.

Esse resultado é uma espécie de reexame da ancoragem proposta frente à opinião formulada. Assim, constrói um novo valor conceitual para a abordagem dada ao assunto, atribuindo novos valores, acrescentando novos dados, propondo novas características, enfim, alterando-as e expandindo-a.

1. Síntese

A síntese é um sumário, um resumo calcado na informação selecionada dentre aquelas que expandiram o texto, geralmente através de uma palavra, de uma frase ou de um período curto.

Quando as diversas explicitações não o conduzem a uma resposta possível, dado o número de definições ser ilimitado. Pode-se, portanto, procurar o que é indispensável apresentando nova enumeração organizada a partir de um cancelamento (eliminação) que vai resultando numa seleção.

Feitos os cancelamentos, chega uma síntese dos elementos necessários para se ter uma definição do objeto discutido.

2. Agregação

A agregação é proposta a partir de um processo de associação, de reunião, enfim, da junção numa só palavra ou numa só frase dos aspectos mais relevantes das informações dadas no texto. Ao elaborar a conclusão por agregação, o autor tem a intenção de propor uma nova ideia, mais abrangente, mais concisa, que abarque e transforme as informações apresentadas.

Na síntese, o autor faz uma retomada seletiva dos aspectos mencionados mais relevantes e os apresenta; na agregação, não são retomadas alguns aspectos, mas uma ideia mais abrangente é apresentada.

3. Inferência

A inferência apresenta um fechamento para o texto, decorrente de uma dedução. A partir das informações levantadas, deduz-se uma conclusão através do raciocínio, podendo-se, inclusive, operar com dados que não foram explicitados no texto.

Para justificar sua opinião, o autor monta um jogo de causas e consequências, a fim de consolidar sua opinião, frente a isso, faz deduções e hipotetiza sobre a possibilidade de um futuro melhor e alerta sobre um possível fracasso.

Assim, podemos dizer que a conclusão é proposta a partir de inferências, ou seja, colocações deduzidas, a serem confirmadas.

4. Relação de causa e consequência

A relação de causa e consequência apresenta um fato, ou uma atitude, ou uma razão, enfim, um motivo do qual decorre um determinado efeito.

l. Os alunos devem então definir um título para seu texto, lembrando-se de que ele deve ser significativo e contemplar o tema.

m. Em seguida, é interessante propor aos alunos uma releitura da dissertação, fazendo eventuais correções e solicitar que façam trocas entre duplas para receber sugestões também dos colegas.

7 Bibliografia

VALENÇA, Ana; CARDOSO, Denise Porto; MACHADO; Sonia Maria; VIANA, Antonio Carlos (coord.). Roteiro de redação – Lendo e argumentando. 1ªed. São Paulo: Editora Scipione, 1998.

SAYEG-SIQUEIRA, João Hilton. Organização do Texto Dissertativo. 1ª ed. São Paulo: Selinunte, 1995.

Descanso

Deixa que eu descanse meus olhos cansados
Nessa sua face de sonho e sossego
A vida já não passa tão rápido
E eu já não garanto meu desapego

Fica comigo até a hora que tarda
Em que a noite caída se faz dia
Pois eu temo a noite escurecida
Como uma infante mimada faria

Deixa que eu te olhe até que finde a noite
Eu não descanso no sono, mas na paz
Descanso, pois, nos teus olhos profundos
Que não me perguntam sobre meus ais.



Eu não sei o que aconteceu com essa postagem, mas desde junho é a mais lida do meu blog. Acredito que seja alguma coisa nas tags, mas realmente não sei... nunca tive um poema tão acessado. (ago/2014)


I don't know what happened to this post, but since June is the most read of my blog. I believe it is something in the tags, but I really don't know ... I never had this much access to a poem.



My husband help me to translate my poem... :D

Rest

Let me rest my weary eyes On your face of dream and peace Life don't pass so fast already And I cant´t be sure of my disaffection Stay with me until its late Where the fallen night becomes day Because I fear the dark night Like a spoiled child would Let me look for you until the night is over I don't rest in sleep, but in the peace Rest, finally, deep in your eyes that do not ask me about my woes.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sentidos


A química tem dessas coisas
que a gente nunca pode explicar
mas a Chapeuzinho Vermelho
me levou a pensar

"Que olhos grandes você tem..."
Já sabendo ter algo errado
o olhar revela o outro
tem da alma o cadeado

"Que orelhas enormes você tem..."
pois sabia que era ouvida
mas falava com a mesma doçura
que aos outros alegrava a vida

"Que mãos peludas e grandes você tem..."
já antecipando o toque
e o desejo de ser possuída
por tudo que lhe provoque

"Que nariz enorme você tem..."
disse sabendo que era doce o cheiro
que seu corpo exalava no ar
e estremecia o lobo inteiro

"Mas que boca grande você tem..."
Disse a chapeuzinho já preparada
pois ter reconhecido seus sentidos
a deixou mais que encantada.

Chapeuzinho foi um exemplo
da nossa forma de selecionar
quem pensa que não usa os sentidos
está certamente a se enganar...

Dedicatória: Às Chapeuzinhos e aos Lobos

Roteiro de abordagem para Chapeuzinho Amarelo - do Chico Buarque

1 Série a que se destina:
1º Ano – Ciclo II – Ensino Fundamental 2 Objetivos: Desenvolver as competências leitoras e escritoras de textos poéticos dentro da tipologia narrativa. Relacionar imagens e texto Perceber as características dos textos poéticos Relacionar título ao texto Perceber rimas e ritmo textuais Identificar o tema do texto 3 Conceitos explorados:
Linguagem poética (verso, estrofe, ritmo e rima) texto narrativo (situação inicial, conflito, clímax e situação final), elementos da narrativa (foco narrativo e personagens)
4 Reprodução do texto utilizado:
Chapeuzinho Amarelo – Chico Buarque
Era a Chapeuzinho Amarelo.
Amarelada de medo.
Tinha medo de tudo, aquela Chapeuzinho.
Já não ria.
Em festa, não aparecia.
Não subia escada, nem descia.
Não estava resfriada, mas tossia.
Ouvia conto de fada, e estremecia.
Não brincava mais de nada, nem de amarelinha.
Tinha medo de trovão.
Minhoca, pra ela, era cobra.
E nunca apanhava sol, porque tinha medo da sombra.
Não ia pra fora pra não se sujar.
Não tomava sopa pra não ensopar.
Não tomava banho pra não descolar.
Não falava nada pra não engasgar.
Não ficava em pé com medo de cair.
Então vivia parada, deitada, mas sem dormir, com medo de pesadelo.
Era a Chapeuzinho Amarelo…
E de todos os medos que tinha
O medo mais que medonho era o medo do tal do LOBO.
Um LOBO que nunca se via,
que morava lá pra longe,
do outro lado da montanha,
num buraco da Alemanha,
cheio de teia de aranha,
numa terra tão estranha,
que vai ver que o tal do LOBO
nem existia.
Mesmo assim a Chapeuzinho
tinha cada vez mais medo do medo do medo
do medo de um dia encontrar um LOBO.
Um LOBO que não existia.
E Chapeuzinho amarelo,
de tanto pensar no LOBO,
de tanto sonhar com o LOBO,
de tanto esperar o LOBO,
um dia topou com ele
que era assim:
carão de LOBO,
olhão de LOBO,
jeitão de LOBO,
e principalmente um bocão
tão grande que era capaz de comer duas avós,
um caçador, rei, princesa, sete panelas de arroz…
e um chapéu de sobremesa.
Mas o engraçado é que,
assim que encontrou o LOBO,
a Chapeuzinho Amarelo
foi perdendo aquele medo:
o medo do medo do medo do medo que tinha do LOBO.
Foi ficando só com um pouco de medo daquele lobo.
Depois acabou o medo e ela ficou só com o lobo.
O lobo ficou chateado de ver aquela menina
olhando pra cara dele,
só que sem o medo dele.
Ficou mesmo envergonhado, triste, murcho e branco-azedo,
porque um lobo, tirado o medo, é um arremedo de lobo.
É feito um lobo sem pelo.
Um lobo pelado.
O lobo ficou chateado.
Ele gritou: sou um LOBO!
Mas a Chapeuzinho, nada.
E ele gritou: EU SOU UM LOBO!!!
E a Chapeuzinho deu risada.
E ele berrou: EU SOU UM LOBO!!!!!!!!!!
Chapeuzinho, já meio enjoada,
com vontade de brincar de outra coisa.
Ele então gritou bem forte aquele seu nome de LOBO
umas vinte e cinco vezes,
que era pro medo ir voltando e a menininha saber
com quem não estava falando:
LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO
Aí, Chapeuzinho encheu e disse:
"Pára assim! Agora! Já! Do jeito que você tá!"
E o lobo parado assim, do jeito que o lobo estava, já não era mais um LO-BO.
Era um BO-LO.
Um bolo de lobo fofo, tremendo que nem pudim, com medo de Chapeuzim.
Com medo de ser comido, com vela e tudo, inteirim.
Chapeuzinho não comeu aquele bolo de lobo,
porque sempre preferiu de chocolate.
Aliás, ela agora come de tudo, menos sola de sapato.
Não tem mais medo de chuva, nem foge de carrapato.
Cai, levanta, se machuca, vai à praia, entra no mato,
Trepa em árvore, rouba fruta, depois joga amarelinha,
com o primo da vizinha, com a filha do jornaleiro,
com a sobrinha da madrinha
e o neto do sapateiro.
Mesmo quando está sozinha, inventa uma brincadeira.
E transforma em companheiro cada medo que ela tinha:
O raio virou orrái;
barata é tabará;
a bruxa virou xabru;
e o diabo é bodiá.
FIM
(Ah, outros companheiros da Chapeuzinho Amarelo:
o Gãodra, a Jacoru,
o Barãotu, o Pão Bichôpa…
e todos os tronsmons).
5 Descrição da proposta: Esta proposta visa trabalhar a narratividade presente nos textos poéticos, estabelecendo uma relação intertextual entre os textos “Chapeuzinho Vermelho” e “Chapeuzinho Amarelo”. 6 Explicação das estratégias a serem utilizadas para o desenvolvimento da proposta: a. Reconstrução da História da Chapeuzinho Vermelho oralmente com os alunos. b. Distribuição de cópia do poema (ou reprodução dele no datashow) para que os alunos possam acompanhar a leitura c. Leitura do poema em voz alta, com intervenção do professor com perguntas como: “Por que será que este chapéu é amarelo e não vermelho?”, “Em que pensamos quando vemos a cor amarela?”... etc (nesse momento é bom que o professor esteja com o livro mesmo, sei da dificuldade que é ter o livro, mas ele custa cerca de R$25,00 e é uma obra prima da literatura infantil) d. Exploração dos medos das crianças “porque ela tinha tanto medo e do que?”... “porque o lobo fica chateado?” e. Reprodução (quando possível) das imagens que compõem o livro, ou mostragem do livro. f. Reconstrução da narrativa, com os alunos. Buscando responder: Quem? Onde? Quando? Como? Por quê? g. Destacar para os alunos a estrutura poética do poema, relembrando os conceitos de verso, estrofe e rima. h. Trabalhar algumas rimas do poema com os alunos. Observação
Sempre que trabalho este texto com meus alunos faço uma atividade de análise do texto e peço para que eles listem pelo menos 30 coisas de que já tiveram ou de que tem medo, dizendo quais os motivos dos seus medos. Em seguida, fazemos uma espécie de roda do medo em que vamos jogando os medos na roda e discutindo o porquê deles existirem e se há algo que justifique permanecer com medo deles. Por exemplo, eles concordam que não precisam ter medo de escuro, mas muitos acham que precisam ter medo da diretora da escola. Por fim, faço uma relação entre a Chapeuzinho Vermelho e o medo e a Chapeuzinho Amarelo.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Educação e tecnologia?


Que as tecnologias da informação e comunicação colaboram para o desenvolvimento de competências e habilidades todo mundo já sabe. Mas o problema é como fazer para transformar aquilo que já é deles em instrumentos de aprendizagem.

Semestre passado fiz um curso sobre produção de material didático e uso de tecnologia na sala de aula. Explicar em algumas linhas como fazer uso desses recursos para fazer o aluno aprender me parece meio bobo, mais importante do que isso é que o professor tome posse desses conhecimentos. Quando o professor faz uso da tecnologia em sua vida, ela naturalmente passa a ser um recurso didático, como os livros... não foram criados para ensinar, mas são usados para isso, as revistas em quadrinhos idem, e tudo o mais quanto tocamos vira aula. Logo, acredito que o processo de inserção da tecnologia na sala de aula decorre da inserção do professor no mundo tecnológico.

Muitos professores temem que as vídeo-aulas acabem tomando o seu lugar, mas eu não acredito que haja risco... pois, para isso, seria preciso que nossos alunos fossem autodidatas, o que não ocorre na maioria das vezes. Além do mais, não se aprende só por meio do acesso, mas por meio da interação com os conteúdos... e a interação em ambientes virtuais sempre será uma interação virtual! Como humanos, precisamos de outras formas de estímulo que vem na interação humana. Isso porque a tecnologia por si só é muito abstrata para nossos alunos, eles precisam de seres concretos que falem, vejam, gritem quando necessário... que estejam vivos!

O primeiro ponto a ser pensado em relação à qualidade do ensino é que a baixa qualidade não decorre apenas da falta de tecnologia na sala de aula. Muitas pesquisas provam que as escolas tradicionais (com aulas expositivas e centradas no professor) ainda têm um desempenho melhor do que as demais. Ora, se isso ocorre é porque não estamos sabendo usar a tecnologia em nosso favor? Não...

Imagino que o governo finja que não sabe que a escola não passa de um termômetro da sociedade, mostrando a quem quiser ver as sequelas deixadas pela falta de controle de natalidade, de saúde de qualidade, de políticas sociais... A escola só reflete a sociedade... e vejam bem, a gente já usa a tecnologia na sala de aula: vídeos, música, filmes... há muita tecnologia lá...

A busca da qualidade da educação só se concretizará quando tivermos uma sociedade melhor, enquanto não se investir em políticas sociais, a educação apenas refletirá os problemas.... aliás, chego a cogitar que fazemos um trabalho divino considerando a passividade e falta de perspectiva de futuro que nossos alunos trazem!

A tecnologia já está nas salas de aula, mas eu quero mesmo que ela esteja no dia-a-dia do professor!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O maior defeito dos homens


O maior defeito do homem
depende de cada homem
e de quem está olhando.

Se você já foi traída vai dizer que é traição
se já foi enganada, o cinismo
se maltratada, a ignorância
se deixada, o descaso
se violada, a grosseria e o desrespeito
se esquecida, o desapego
se rejeitada, a cegueira
se incompreendida, a insensibilidade

Agora se você só foi amada...
o maior defeito dele
talvez seja trabalhar demais...