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terça-feira, 23 de abril de 2019

Periferia: a linguagem do cotidiano Brasileiro

Análise transdisciplinar norteada pela leitura do livro “Quarto de Despejo – Diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus
Idealização: Prof. Raquel Donegá


Ilustração

1. Identificação


Produto final: Aulão expositivo e interdisciplinar baseado na obra Quarto de Despejo e Produção textual sobre o tema: "Fome e desigualdade social no século XXI”
Duração: 3 manhãs
Público-alvo: Ensino Médio
Professores:
Raquel Donegá - Idealização - Língua Portuguesa e Redação
Laís de Paula - História e Atualidades
Mila Suzano- Inglês e Língua Portuguesa
Renato Batista - Geografia
Carlos Renato Ferreira Monteiro - Sociologia e Filosofia
Ricardo de Lucia - Artes
Jaqueline Paiva - Biologia
Rafael Pacheco - Química
Joelson Silva - Matemática

Assessoria educacional:
             Ana Helena Senna

Estudantes desenvolvedores:
            Gustavo Gomes - Educação Financeira
            Ana Julia de Abreu Almeida da Silva - Ilustração

1.1 Objetos de análise:
Quarto de Despejo – Diário de uma favelada – Carolina Maria de Jesus
Fragmentos selecionados
Versões completas
Zé do Caroço – Leci Brandão https://www.youtube.com/watch?v=pGvRxC6WK5k
Saudosa Maloca – Adoniran Barbosa https://www.youtube.com/watch?v=OrQIMUe2uBQ
            Inquérito - Rosa do Morro - https://www.youtube.com/watch?v=3BhrBqgvIKs
            Ensaio sobre a cegueira - Filme

1.2 Textos para consulta:
Carolina de Jesus, fenômeno editorial - https://www.youtube.com/watch?v=PucTtvFtDBA
Como a pintura pode transformar as comunidades -
Como a física pode salvar o planeta
Ilha das Flores https://www.youtube.com/watch?v=LETSDS8qm9U
Trailer - todo mapa tem um discurso
Literatura e poesia marginal com WJ https://www.youtube.com/watch?v=2RTsUF3kpT4
            Sobre a desocupação da favela Pinheirinho https://www.youtube.com/watch?v=wf1nCxogoY8
            O massacre de Pinheirinho https://www.youtube.com/watch?v=NBjjtc9BXXY
            Visão jurídica sobre o Pinheirinho https://www.youtube.com/watch?v=1XHjz8gMKhM
Ferréz - Literatura e Resistência https://www.youtube.com/watch?v=kfzY1nSw4eg
            Como torturar dados
            A primeira favela https://www.youtube.com/watch?v=9fx9p-tvD0s

1.3 Temas transversais
- Trabalho, equidade, justiça social, discriminação, segregação socioespacial, favelização, identidade socioespacial (Sociologia, Filosofia, Geografia e História )
- Fatores de risco a saúde humana (verminoses: leishmaniose e esquistossomose), poluição  de corpos hídricos e saneamento básico (Biologia),
- Alcoolismo, cor da pele, chorume (condições de saneamento) - Química
- Patrimônio cultural e linguístico brasileiro (português e artes),
- Perspectiva social dos indivíduos na sociedade - homem e mulher nos anos 60 - (Mila)
- Sociedade e Cultura brasileira no contexto histórico do país em meados do século XX (História)
- Gravidez indesejada - Fazer relações com Geografia da População e Biologia 
- Lazer e bem-estar social - (Ed. Física)
- Planejamento financeiro - (Matemática)

2. Objetivos
Geral
● Capacitar a análise transdisciplinar de obras artísticas norteada pela leitura do “Quarto de Despejo - Diário de uma favelada”.
  Orientar a leitura crítica de toda e qualquer produção artística e manifestações culturais como objetos ou fatos capazes de revelar concepções de mundo, construção de conhecimentos diversos pelo senso comum e apropriação dos conhecimentos científicos pela realidade concreta do cotidiano.

Específicos
  Desenvolver nos estudantes o posicionamento reflexivo e crítico diante das relações sociais intrínsecas à produção das obras e suscitadas pelas discussões.
  Compreender a construção de estereótipos socioculturais como um processo histórico, pautado sobre as relações humanos no tempo e no espaço (História)
  Identificar a autora do livro como agente histórico protagonista nas relações do seu ponto (História)
  Perceber a obra como fonte história legítima para atender a demanda da História em abordar cientificamente  o período em questão (História)
  Utilizar a língua escrita e oral, adequada à norma culta, ajustada à intenção e situação de comunicação, de forma a ser compreendido, expressar suas ideias e avançar no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva (Língua Portuguesa);
  Verificar a capacidade de elaborar tese, defender argumentos e ser capaz de propor uma intervenção para o problema da fome e da desigualdade social no Brasil (Produção textual)
  Proporcionar um espaço de troca coletiva, entrelaçando conhecimentos em objetos de análise diversos, possibilitando leituras profundas, dialógicas e intertextuais (Linguagens)
   Reconhecer as enfermidades comuns em comunidades marcada pela pobreza e falta de saneamento e as formas de prevenção e tratamento. (Biologia)
● Utilizar a linguagem cartográfica para analisar, interpretar e elaborar mapeamentos de diferentes espaços na perspectiva da cartografia social crítica por meio de geotecnologias. (Geografia)
  Relacionar dialógica e intertextualmente obras com diferentes gêneros e com diferentes intenções comunicativas a fim de produzir obras de arte contemporâneas. (Arte)

3. Justificativa

Ao longo dos anos escolares, os alunos entram em contato com diversos conhecimentos e objetos de análise. Entretanto, a organização curricular, em geral, orienta leituras direcionadas e limitadas a uma única disciplina ou área de conhecimento, deixando todas as outras possibilidades de conexões intertextuais e dialógicas fora do âmbito de análise.
Nossa ideia é propor a leitura fragmentada de uma obra norteadora, a partir do qual serão acrescentados outros textos a serem debatidos pelo corpo docente e discente, abordando o maior número possível de temas interdisciplinares e demonstrando o diverso leque de interpretações que se abre diante da leitura profunda de um texto.  Esperamos oportunizar, assim, aos alunos a possibilidade de identificar a diversidade conceitual que permeia uma obra e demonstrar na prática as diferentes habilidades e competências necessárias para sua formação.
Estão claros para nós, professores, os desafios de desenvolver de forma coerente, um trabalho de caráter sócio-interacionista e transdisciplinar, no âmbito do Ensino Médio. Nesse sentido, entendemos que esse projeto é uma possibilidade de troca e aprendizados no que diz respeito à própria metodologia da escola. Além disso, figura como uma oportunidade de formação continuada, uma vez que paramos para desenvolver juntos, em equipe, um projeto transdisciplinar que atenda à proposta pedagógica da instituição.
Entendemos e acreditamos, ainda, que esta é uma experiência engrandecedora, capaz de promover um ambiente propício e apontar perspectivas de trabalho cada vez mais alinhadas ao projeto pedagógico da escola.

4. Metodologia e Cronograma

No desenvolvimento desse projeto é fundamental que as atividades sejam ao mesmo tempo atrativas e enriquecedoras para aprendizagem dos estudantes.
Os momentos previstos foram os seguintes:

1° momento:   Desenvolvimento do projeto - 24 de maio a 15 de junho
          Criação de documento no Google drive e comunicação à coordenação e assessoria sobre desenvolvimento do projeto - 28/06
            Inserção do Projeto no PDI dos professores envolvidos - a partir de 10/06
2° momento: Apresentação do projeto para a coordenação pedagógica e assessoria para possíveis adaptações e planejamento das datas de aplicação - 7 de junho a 26 de junho
                        Diálogo com assessoria Linguagens online: 1 a 5 de junho
            Diálogo com a Coordenação Pedagógica: 7 de junho
            Determinação de datas
            Reunião Pedagógica para alinhamento das ações: 07.08.2018
            Solicitação de verba para café da manhã
3º momento:   Apresentação do projeto para alunos que farão parte do grupo de apoio:.
                        Organização de material e pesquisa
                        Planejamento de ações
4° momento:
18 a 28 de junho - Apresentação do projeto nas turmas de 3ºano
28 de junho - Envio do livro por pdf para os alunos

Dia 1 - Linguagens e Humanidades - Terça 
8h        Recepção dos alunos e lanche coletivo
            9h20    Apresentação da autora e contextualização da obra
                        Contextualização do título da obra e discussão sobre a metáfora da obra
                        Literatura periférica e a representatividade feminina
            9h40    O contexto sócio-histórico de produção
                        Aspectos sociais e políticos abordados na obra + leitura de trechos
            10h50  Estereótipos mulher-homem na obra
                        Análise da imagem da mulher e das relações afetivas
10h10  Diálogo com as música Zé do Caroço
            11h20  Espaço para discussão e perguntas

Dia 2 - Humanidades, Dados e Biológicas - Quarta
            8h        Recepção dos alunos e café da manhã
            8h10    Marginalização da literatura periférica e silenciamento de grupos sociais
            9h10    Apresentação de trechos e discussão sobre as condições de vida
Doenças relacionadas ao lixo - Verminoses
10h      A história de Carolina - Como ela se tornou famosa e depois voltou à pobreza
            Planejamento financeiro
            11h30  Espaço para discussão e perguntas e encerramento

Dia 3 - Aplicação de proposta de produção de texto - Quinta

Ações paralelas - (em sala de aula ou extraclasse)
                        Mapeamento dos locais que reciclam/compram lixo na cidade
Pesquisa e análise do saneamento básico nas favelas / Comparação com a favela apresentada por Carolina e com as promessas políticas.
Produção de textos subjetivos (emotivos e poéticos) baseados na obra de Carolina.
DDS Diário de Segurança
Produzir uma carta ao prefeito solicitando agilização nos cuidados com o lixo reciclável
Levantamento junto à Secretaria de Meio Ambiente sobre projetos de utilização do lixo
Campanha de recolhimento do lixo reciclável na escola + produção de obra de arte com o material recolhido. Destinar corretamente este lixo.
Exibição do documentário “Todo mapa tem um discurso” (identidade socioespacial)
Exibição do filme Ensaio sobre a cegueira e produção de arte contemporânea.
Aspectos da narrativa e do diário
Produção de texto sobre Mobilidade Urbana e discussão sobre a urbanização, favelização e outros processos no contexto da cidade.

5. Avaliação
        Processual
        Produção de texto
        Autoavaliação
        Valores sociais

5.1 Instrumentos de avaliação:
1.    Participação do público na atividade
2.    Feedback de participação
3.    Produção de texto dissertativo-argumentativo
4.    Interação e atividade de lazer
5.    Anotações e Registros na apostila criada para o aulão

6. Formas de registro do Projeto
            Registro escrito - Convidar todos os alunos para registrar e selecionar trechos para compor um texto único.
            Montagem de Portfólio - Raquel Donegá
            Divulgação - Raquel Donegá
            Ilustração - Ana Julia Abreu

7. Registro do desenvolvimento
           
A produção deste projeto decorreu inicialmente da necessidade de discutir a questão da variação linguística, no 3º ano EBEP.
Carolina Maria de Jesus, catadora de papel, ficou conhecida mundialmente após ter sua obra traduzida em 14 idiomas. Ela figura como uma grande autora brasileira, mas sua obra ainda é posta à margem da literatura, possivelmente devido ao nível social da autora e à falta de valorização da produção artística periférica.
Após a leitura inicial da obra, a professora Raquel Donegá, de língua portuguesa percebeu a possibilidade de promover um diálogo com outras disciplinas, como arte, história, geografia, filosofia e sociologia. Tendo sido realizado os primeiros diálogos, iniciou-se a produção do projeto, com a proposta de conversar apenas entre Humanas e Linguagens num Aulão interdisciplinar.
Após aprofundar a leitura, foi observada a possibilidade de abranger disciplinas, como Biologia e Química, uma vez que os relatos de Carolina revelam problemas relativos aos resíduos domésticos (lixo), à degradação do meio ambiente, à constituição do lixo (chorume e gases, aterro) e à água.
Motivados por essa primeira possibilidade de dialogar entre disciplinas diversas, começamos a procurar relações que pudessem ser estabelecidas com todas as disciplinas, buscando o máximo de transdisciplinaridade possível, donde surgiu a possibilidade de abordar a necessidade do lazer na periferia, na disciplina de Educação Física; e, ainda, determinou-se o Planejamento Financeiro como viés para a discussão matemática, baseados na biografia da escritora, que mesmo tendo sido reconhecida mundialmente e ascendido de camada social, teve uma queda financeira e voltou a ser catadora de papel.
Encontrou-se uma dificuldade severa para inserir a disciplina de Física, neste momento, já em fase de assessoria com a Gerência Básica de Educação da Escola, nos foi orientado pela assessora Ana Helena pensar na conservação do planeta do ponto de vista físico, tendo sido encaminhado para o professor regente, conteúdo relativo ao tema.
Estando o projeto em fase de organização, foi agendada reunião com a coordenação pedagógica, na qual se determinou os próximos passos para a realização do projeto e se fez correções e apontamentos necessários.
Em paralelo, trechos do livro estavam sendo selecionados e digitados para a distribuição e leitura, bem como o preparo da apostila de textos e apontamento também estava em andamento.
No dia 11 de junho, a aluna Ana Júlia foi convidada a produzir ilustrações para decorar o material produzido para as aulas, dada a qualidade do material. Outrossim, tivemos a ideia de promover um café da manhã coletivo limitado a pão e café com leite, favorecendo a reflexão sobre as limitações de consumo. Foi solicitada verba institucional para subsidiar o café da manhã coletivo.
No dia 15 de junho, os alunos assistiram ao filme “Ensaio sobre a cegueira”, a discussão inicial procurou orientar reflexões sobre a coletividade e as misérias humanas causadas pela precariedade e escassez. A próxima etapa desta ação foi aplicação de dinâmica (22/06) e da produção de uma obra de arte contemporânea (29/06).
Na semana do dia 18 iniciou-se nas aulas de língua portuguesa as atividades com foco no texto narrativo, para tanto abordou-se em sala os gêneros diário, música, fábula entre outros, todos com foco nos elementos da narrativa (Personagens, Enredo, Narrador, Tempo e Espaço). Os textos foram escolhidos ora focando na figura feminina ora nos elementos da periferia, para tanto, analisamos textos como “Amélia” e “Desconstruindo Amélia”, “Diário de um Detento”, “Meu guri” e “Canção pro tempo”.
Em 10/09, ficaram combinadas as datas 2 e 3 de outubro para a realização da culminância do projeto no auditório e 4 para a produção de texto.
O primeiro dia do projeto iniciou-se com café da manhã, serviu-se café com leite e pão com manteiga. No início da aula retornamos o consumo desses alimentos por Carolina em situações limite.
A professora Raquel contextualizou a vida da autora e o título foi discutido a partir de fragmentos. Tratou-se ainda da singularidade da autora, da obra e da sua representatividade em relação à literatura brasileira, como representante da literatura periférica, feminina e negra. Questionou-se a ausência de professores negros na instituição e a necessidade de se valorizar as produções nacionais por suas características de excelência.
Em seguida, a professora Laís deu  início à discussão acerca do contexto histórico  da obra,  destacando-se os aspectos sociopolíticos do período no qual se insere, a partir das referências sobre políticos e discussões  eleitorais citadas pela autora e as posições ideológicas pertinentes ao momento.
A professora Mila trouxe à discussão estão, as relações entre o homem e a mulher que se estabelecem no contexto da obra, perpassando conceitos de feminismo, machismo, rivalidade feminina e maternidade.
No segundo dia, após o café da manhã coletivo discutiu-se a favelização e marginalização das minorias. Ainda se falou brevemente sobre a necessidade de se discutir políticas públicas para atender às necessidades públicas.
Em seguida, a professora Jaqueline abordou a especificidade das doenças de veiculação hídrica, com foco em verminoses devido à necessidade de contextualizar com fragmentos à obra, falando também sobre sintomas, ciclo da doença e profilaxia em relação à biologia.
Por fim, apresentou-se a evolução e decadência financeira de Carolina, como um problema a ser enfrentado na esfera social e que se reverbera ainda na atualidade. O professor Joelson Silva e o aluno Gustavo Dias adentraram a discussão acerca da importância de se conhecer os conceitos de planejamento financeiro e de metas, compreendendo a lógica do mercado financeiro e das relações que se estabelecem entre dinheiro e qualidade de vida na sociedade moderna. O Planejamento financeiro foi proposto como a chave para a compreensão de quem somos e quem queremos ser no futuro, mesmo que ainda não tenhamos uma renda formal no mercado de trabalho, mas ajudando nossa família no planejamento doméstico e participando ativamente deste planejamento. Compreendendo melhor o dinheiro podemos evitar os mesmos erros cometidos pela escritora Carolina de Jesus e, ao mesmo tempo, refletir sobre as dificuldades enfrentadas por ela e por todos nós que vivemos em um mundo capitalista e em constante mudança.

8. Considerações Finais

            O desenvolvimento do projeto Periferia: a linguagem do cotidiano brasileiro se manifestou também através de uma metáfora acerca do quarto de despejo, pois a escola e o trabalho criativo e transdisciplinar são cotidianamente silenciados e expostos à marginalização. Convém dar voz às palavras da professora Mila, que destaca que nós professores vivemos no Quarto de Despejo da sociedade, pois, “nós professores somos frequentemente, como a Carolina, desvalorizados e submetidos a funções que não nos permitem viver a plenitude de nossa vocação porque a demanda capitalista nos explora e consome. Quão simbólico é que nosso grupo de projeto se chame “Quarto de Despejo” (fazendo referência ao nosso grupo de discussão extraoficial)! Todos somos um pouco Carolina quando precisamos lidar com essa fome e sede de justiça que não se parece saciar. Mas a esperança nos move, e é ela que garante que nossa voz seja ouvida. Ainda que muitos não compreendam nossa escolha de repartir em um mundo que só quer para si, e nos observem como criaturas exóticas dessas periferias que são nossas escolas, continuaremos falando. Somos rebotalhos que não desistem de perseguir o arco-íris que foge de nós. Força!”
            O projeto que iniciou-se após uma leitura de férias, teve sua fecundação durante um dos cafés compartilhados em que diversas convergências de interesse surgiram, deixando claro a possibilidade de correlacionar discussões nas áreas de língua portuguesa, história, sociologia e filosofia em uma aula interdisciplinar.
            Em oportunidades que se seguiram, as ideias foram se aprofundando e após a releitura da obra, observou-se a possibilidade de se abordar conteúdos de outras disciplinas, de tal modo que foram chamados para o diálogo professores de geografia, biologia e química. A obra de Carolina, a cada leitura, apresentava uma diversidade de abordagens que nos enchia os olhos, e ao adentrar a vida da autora a possibilidade de dialogar com matemática, inclusive abrangendo a dimensão da economia do doméstica e da importância da educação financeira.
            Durante todo o processo de produção do projeto, os diálogos eram intensos e enchiam as caixas de conversa do whatsapp e os corredores da escola, potencializando e favorecendo a abordagem de diversos assuntos importante do ponto de vista curricular. Foi maravilhoso observar as 3 unidades que tínhamos do livro passeando pelas salas e sendo trocadas entre os alunos leitores, e perceber que mesmo alguns que nunca tinham lido nenhum livro se interessaram em conhecer a obra e acessaram pelo menos algumas de páginas.
A demanda por discussões mais abrangentes e intertextuais é uma realidade. Notoriamente, o processo de produção das aulas passou por dezenas de discussões, releituras e muito estudo, não apenas da obra, mas dos conteúdos curriculares que subsidiaram os diálogos intertextuais que se estabeleceram entre os trechos da obra e os conhecimentos formais que se esperava construir ou retomar ao longo das análises.
 O trabalho transdisciplinar demonstrou à nossa equipe a possibilidade de promover diálogos pertinentes a partir da literatura e, mais do que isso, indicou caminhos para que possamos orientar a relação entre as diversas formas de ensinar e de aprender, correlacionando os diferentes conteúdos por meio de um eixo central. Demonstrou ainda que ao encontrarmos este eixo, as conexões entre os docentes se estabeleceram de maneira muito mais significativa e promoveu-se evidente aproximação entre os colegas.
            Observar os questionamentos, apontamentos e intervenções dos estudantes durante a culminância dos projeto, não apenas nos felicita como evidencia a pertinência das discussões levantadas, lançando luz sobre a necessidade de dialogar na esfera da intertextualidade e de avançar a interpretação de diversos textos que, ainda que riquíssimos do ponto de vista semântico, são postos à margem do sistema educativo.
A professora Laís nos representa muito quando ressalta que esse “é o tipo de aula que dá sentido à necessidade da escola existir como espaço de construção de conhecimento, de troca de saberes, dá sentido ao exercício da docência e a tudo o que a gente acredita e sonha para a educação.” Mas ressaltamos que não se trata da aula em si, mas do processo de construção que perpassa a produção de um projeto como este. Nessa construção, cada trecho lido e cada conteúdo é pensado para que todos os sentido sejam construídos significativamente e mesmo as críticas serão consideradas como ganho, já que nossa função também perpassa a construção de cidadãos e estudantes dotados de pensamento crítico.
Por fim, desejamos que o olhar para os textos se amplie a partir desta proposta, demonstrando que como educadores somos capazes de ultrapassar as barreiras do ensino tradicional promovendo aulas dinâmicas e alicerçadas na construção e análise de conteúdos condizentes tanto com o currículo escolar quanto com as discussões mais contemporâneas que permeiam a sociedade.

9. Registro para divulgação


10. Apostila
Baixe aqui a apostila que montamos para nossos alunos! 
(vou compartilhar em word para que você possa adaptar na sua escola)


11. Produções dos alunos
Charge



 Redações dissertativo-argumentativas



É notório que atualmente a desigualdade social no Brasil vem crescendo cada vez mais, e junto com a mesma, a fome acaba se destacando também não só no Brasil mas no mundo todo.
É importante ressaltar que, a desigualdade social é fruto da sociedade. Tendo em conta que fomos nós que criamos todas essas diferenças como minorias, renda per capita e classe social. Um bom exemplo disso é a facilidade de acesso à saúde  e educação de qualidade para as pessoas que possuem alta renda, pois podem pagar por serviços privados.
Além disso, a fome também é consequência desses fatos, pois pessoas com baixa renda, não tem condições de pagar por uma boa alimentação, com isso tendem a comer restos de comida ou em alguns casos, como moradores de rua, eles nem tem acesso à comida.
O Brasil é um país com alta produção de alimento, porém ele é muito mal distribuído, marcando a principal característica de um país desigual. Uma boa forma de reverter isso seria implementando programas de distribuição de renda, proposta pelo governo. Isso iria nivelar a desigualdade social e a fome no Brasil.
João Neves 3ºC



A fome é a escassez de alimentos que atinge um número elevado de cidadãos tanto no Brasil quanto no mundo. Atualmente, mesmo com o alto nível de tecnologia, milhões de pessoas ainda sofrem com esse problema no Brasil. Há inúmeras causas que contribuem com a falta de acesso à alimentação.
            É importante ressaltar os fatores que contribuem para esse mal. Além de ter causas naturais, os seres humanos são os maiores responsá- veis por esse fenômeno. O crescimen- to econômico é um dos principais motivos, pois é insuficiente para acabar com a pobreza no país, devido à concentração de renda, o que agrava a desigualdade social. Além disso, há instabilidade política, má administração dos recursos públicos e a injusta estrutura fundiária, o que impossibilita o acesso dos trabalhado- res aos meios de produção e concen- tram às terras nas mãos de poucos.
            A experiência internacional mostra que só se resolve o problema com a ação firme e planejada do Estado. As políticas públicas de combate à fome e à pobreza não devem se restringir a compensar os efeitos de um modelo econômico. Qualquer tentativa de atacar os problemas da fome e a pobreza deve considerar as suas mais profundas causas.
            Levando em consideração esses aspectos, o Governo deve repensar projetos sociais a curto prazo, reformulando antigos iniciativas, como o Fome Zero e a Bolsa Família. A longo prazo, pensar em outras formas de distribuição de renda. Cabe à sociedade ter solidariedade, por meio de campanhas de doação. Só assim a fome vai deixar de matar pessoas na atualidade.
Matheus Muniz 3ºC



Desde o berço da humanidade a fome está presente. Atualmente com as políticas inclusivas, o percentual de extrema pobreza reduziu significativamente. Contudo, apesar de qualquer programa governamental, sempre haverá indivíduos á margem da sociedade. Com isso, haverá melhores formas de amparar tais pessoas?
É fato que o Brasil têm políticas a
governamentais que visam tirar o grupo da extrema pobreza e que houveram várias mudanças. A prova disso é a saída da nação do Mapa da Fome em 2014, realizada pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura). Tal situação demonstra a efetividade dos programas, mas que com o decorrer dos anos foram negligenciados.
Além disso, sabe-se que que a maior parte da população brasileira é pobre e que vive em periferias. Isso se comprova através do livro "Quarto de Despejo- Diário de uma favelada", que aborda a vida de uma moradora de favela que chega a comer do lixo e ser mal-atendida pelos serviços públicos. Desse modo, percebe-se que o cenário de anos atrás, da República Trabalhista, ainda é vivido hoje, principalmente com a atual crise econômica do país.
Portanto, é imprescindível que aconteça o melhoramento e supervisionamento nas aplicações das políticas de amparo. Bem como a Secretaria dos Direitos Humanos, responsável por garantir os direitos de todo cidadão, mesmo estrangeiro, deve reformar o Cadastro Único e realizar o acompanhamento das famílias, idosos e crianças, garantindo seus direitos. A fim de que seja efetivada a inclusão dos indivíduos e que tenham o devido suporte. Pois só assim, a fome será vencida, não com caridade, mas com a efetividade de tais suportes.
 Ana Clara Freitas 3ºA

Ser pobre não é uma escolha
            Discussões sobre acabar com a fome e a desigualdade nos dias de hoje são muito polêmicas. Mesmo com uma considerável diminuição de casos de mortes por desidratação, buscar meios de erradicar tal taxa é essencial, pelo fato que há superprodução alimentícia excedente ao número de habitantes existente.
            Compreende-se que a fome está diretamente relacionada à condição financeira dos individuos. A má distribuição de renda ocasiona na falta de recursos básicos para a maioria e excesso para a minoria. Em consequência a isso há um aumento na criminalidade e desorganização governamental.
            O termo “só é pobre quem quer” aparece frequentemente em comentários precipitados e mal fundamentados, pois pessoas só são pobres por não terem uma educação digna e apoio do governo tornando assim a possibildiade de uma ascenção mais difícil. Como aconteceu com Carolina Maria de Jesus que com seu livro “Quarto de despejo”, em que fala sobre a dificuldade passada por ela quando pobre, enriqueceu e logo após empobreceu por não ter uma educação financeira ou até mesmo uma básica.
            Com base nos fatos acima citados, pode-se concluir que para extinguir a fome e diminuir a desigualdade, diminuir a taxa de impostos para pessoas com renda baixa, assim facilitando para que os mesmos tenham o que comer. Direcionar parte do dinheiro adquirido com os impostos para a construção de novas escolas à lugares menos favorecidos e na formação de novos professores.
Christopher Marim 3ªA

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Aula Inaugural 2019 - Cubo autobiográfico

Este ano eu não estarei nas salas de aula como professora, vou voltar apenas como estudante no curso de psicologia da UFF! Mas vim dar uma dica de atividade linda para a primeira semana de aula - ótima para turmas de todos os segmentos, mas muito legal para turmas de fundamental I e II.

1.Imprima cubos como os do modelo abaixo o suficiente para a turma toda no tamanho A4.

Clique para ampliar!

2. Monte um cubo em casa para mostrar para os alunos como ficará um pronto e se estiver inspirad@, faça o seu bem colorido para que os estudantes tenham um modelo base.

3. Oriente os alunos a realizarem a atividade com lápis, pois não haverá substituição da folha do cubo.

4. Preferencialmente mostre seu cubo e explique como ele ficará depois de pronto. (Eu sugiro que você não feche o cubo, pois pode utilizá-lo para outras atividades, como colocar cartas dentro para ler no futuro).

5. Explique que cada um dos lados do cubo terá uma finalidade para manifestar a individualidade e apresentar a personalidade daquele que a produziu e, portanto, serão apresentados critérios para cada lado.

1. Nome (com arte)
2. Autorretrato
3. Família
4. Amigos
5. Sonhos
6. Livre

Observação 1: Deixe claro para os alunos que caso eles tenham dificuldade com algum dos lados, não devem deixá-lo em branco, mas podem pintá-lo de uma cor ou escrever uma música, ou palavras que remetam ao conceito/termo.

Observação 2: Essa sugestão é para as séries iniciais porque eles têm dificuldade com passado, presente, futuro, que é o que trabalho no ensino médio... você pode adotar os critérios que quiser para os lados do cubo.

6. Depois que os alunos tiverem acabado de ilustrar todas as partes, oriente a colagem dos cubos em papel colorido, caso a turma seja muito imatura, talvez seja melhor recolher e colar em casa e depois levar para eles fazerem a montagem do cubo.

7. Depois de seco, oriente o recorte dos cubos (sério! oriente mesmo, porque muitos alunos acabam recortando as bordas que precisam ser coladas e choram, especialmente os pequenos! quando a turma é muito nova eu mesma faço a montagem).

8. Há duas estratégias para a apresentação das atividades, cada aluno pode se apresentar mostrando os lados do seu cubo ou você pode fazer uma mostra de cubos e os alunos apresentarem uns aos outros, ou apenas apreciarem as artes dos colegas.

Se a atividade for feita antes da reunião de pais, também é um mimo para os pais levarem pra casa, e você pode pode aproveitar o evento para pedir para os pais escreverem uma carta para a criança que já acompanha a caixa.