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quinta-feira, 31 de março de 2011

Três poeminhas benditos

Truco

O jogo estava posto

Baralho “sujo” não gosta não

Mas quando viu o seis virar

Tendo dois setes, paus e coração,

Não segurou o seu espanto

Piscou, disfarçando a sorte da mão

Tragédia

Era um romântico sem igual

E nele não havia lugar pra razão

Mas a menina, antes fenomenal,

Foi-se embora, deixou a ilusão

Ele a amava, coisa e tal

Mas tragédia sem fim seria ficar sem violão.

Indiferença? Não!

Tu pensas enquanto sentes

E sentes enquanto pensas

E por mais que te ausentes de corpo

Tua palavra é sempre presença

E por estar presente em mim

Te presenteio com a minha diferença

segunda-feira, 28 de março de 2011

Enfim, nasce um poema

Depois de meses sem escrever um único poema, eis que meu irmão, com uma conversa fiada, me inspira. Obrigada Dudu....


Amor-teceu


A teia da aranha morta

Amorteceu a queda livre

Da folha amarela e solta

Que suicidou no outono


E o amor teceu teias

Em meu coração outonal

Suicidando sonhos

que não passavam de quimeras.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Para ler e refletir

Tenho observado que os jovens andam tristes, de uma tristeza sem fim. Então resolvi compartilhar essas duas poesias (que escrevi quando adolescente) para que eles entendam que eu passei por tudo isso, mas sobrevivi....rs e espero que eles também sobrevivam!

bjks

Quel

Poesia Triste I

(poesia)

Sempre fui uma pessoa carente
apesar dos amigos que tenho
e das paixonites que sinto

Sinto necessidade de algo sólido
mas tenho medo de me envolver
medo de ficar mal acostumada
e depois de uma hora pra outra
chorar feito menina
feito a menina que sempre fui

Não me adapto a sociedade
e às vezes choro escondida
não de dor ou de saudade
mas de carência
de solidão guardada
bem escondida
no fundo do meu olhar

Às vezes vejo uma criança
e sinto saudade do colo que eu tinha
sinto saudade da inocência
de achar que tudo é bom
e de não ter medo de ser só

Sinto nós na garganta
vontade de gritar com todos
às vezes grito, desabafo...
Às vezes calo...
E quando calo, choro por dentro

Não se vê lágrima em meu rosto
mas minh'alma fica encharcada
meu sorriso esconde a dor
de saber que estou só
de saber que sou só

Não é qualquer solidão
é a pior delas
é a vontade de abraçar
e não ter um abraço
vontade de beijar
e sentir os lábios secos, frios
vontade de ser feliz
e deixar a lágrima rolar
instintiva, sóbria
como um cavaleiro triste
que sobreviveu a batalha
mas perdeu o seu cavalo
triste como a boneca morta
que hoje jaz no saco preto
triste como a criança
que é órfã de pai e mãe
triste como o filho único
que não tem com que brincar
triste como a violeta
que apodrece no calor do jardim
triste como o canto triste
da mãe que perdeu o bebê
triste como acordar
depois de um lindo sonho

Ah... Quanta tristeza,
não a quero em meu coração!
Quero apenas minha carência
minha vontade de correr
e achar meu mundo no mundo

Quero apenas meu sorriso lindo
que esconde minha solidão
e que esconde a inocência
dessa menina que vive em mim

Quero apenas o abraço amigo
que dou a alguém quando vem me contar
que está triste, desiludido
pois seu amor não o ama...

Ah... Quem dera eu amar
mesmo que não fosse amada
mesmo que fosse platônico
mesmo que doesse em mim
não doeria tão intensamente
como a dor de não saber
se tenho sentimento... Ou não.

Dedicatória: Bianca e Thaís Wenia

Publicado em 08/07/2004 00:00:24


Poesia Triste II

(poesia)

Ando tão triste ultimamente
Que nem sei se sou eu mesma
Tenho a impressão de que outro alguém
Ocupou o meu lugar

Choro escondida em meu quarto
No chuveiro as lágrimas rolam sem fim
E me sinto tão mal às vezes
Que parece que morri

Choro ao lembrar do que não aconteceu
Coisas que talvez nem aconteçam
Choro por coisas tolas
Que o mundo desconhece

Choro quando leio um livro de amor
Uma poesia que não tem sentido
Choro ao assistir o noticiário
E ao ouvir uma canção

Choro quando bato o dedo em algo
Quando alguém conversa sério comigo
Nunca contenho meus sentimentos
Nunca contenho minhas lágrimas

Choro às vezes quando olho a flor
Que se ajusta tão bem ao vaso
Lágrimas tristes rolam
Quando estou sozinha

Choro quando sinto meus lábios frios
Secos que não podem beijar
Não porque ninguém os queira
Mas porque tenho medo de me envolver

Minhas lágrimas rolam diariamente
E quem dera isso não parecesse eterno
Queria ter forças para recomeçar
O que não sei se tem fim

Mas meu choro me tira as forças
Me deixa sem o que fazer
Não sabia como me controlar
O que fazer para ser feliz...

Então notei que outra lágrima
Rolava enquanto eu escrevia
Essa poesia de choro
Que ecoa nos cadernos lindos

Ela molhou não o papel
Mas a idéia de quem nele escreve
E não havia mais razão para acabar a poesia
Pois as lágrimas não cessariam

Por isso agora
Jaz aqui a poesia mais triste
E mais molhada que já se escreveu
Pois esta se constitui de lágrimas...

E nunca terá fim
Pois as lágrimas não findam...

Dedicatória: Bianca e Thaís Wenia

Publicado em 07/07/2004 23:56:00

quarta-feira, 23 de março de 2011

A Indisciplina





A indisciplina sempre foi um tema discutido na escola, sendo geralmente atribuída à postura permissiva (ou evasiva) da família em relação à aprendizagem, aos aspectos relacionados ao relacionamento professor-aluno e ainda à questões de aprendizagem, já que os alunos que apresentam dificuldades cognitivas em geral tem um comportamento que busca mascarar isso.



Observa-se, por exemplo, que, quando a família não tem uma postura ativa e responsável diante das atividades escolares e extra-classe, o aluno reflete essa postura, esperando sempre que outro responda pelas suas ações e lhe dê aquilo que a família não proporcionou. Nesse sentido, caberia ao professor (ou à escola), então, se responsabilizar por todos os aspectos da aprendizagem do aluno?
O mesmo ocorre em relação aos déficits de aprendizagem. Apesar de sinalizarmos para a família que a aprendizagem não está ocorrendo de forma adequada ao nível escolar, os pais não procuram orientação médica ou psicopedagógica para amenizar os problemas. Como o sistema educacional não conta com profissionais capacitados para atender a esses casos, o atendimento de um psicopedagogo seria pago pela família. Mas isso seria possível em bairros nos quais as crianças ainda vão para escola para comer o lanche, ou são matriculadas em escolas selecionadas por oferecer leite ou não?
O fato é que, como não aprendem, a maioria dos alunos com déficit na aprendizagem acaba caindo na indisciplina, pois é a única forma que encontram de “aparecer” na sala de aula enquanto esconder suas dificuldades (dos colegas e do professor).

Apesar disso, nota-se ao longo dos alunos que os professores cuja relação com os alunos é mais estreita, com mais afetividade e responsabilidade, não têm muitas reclamações acerca da indisciplina, pois, em geral, resolvem esses problemas diretamente com os alunos, sem causar constrangimento ou problemas para si mesmo.
Assim, a indisciplina é sim um problema escolar, mas suas causas devem ser investigadas, afim de que os alunos sejam os principais beneficiados no processo de ensino-aprendizagem e não vítimas de um sistema educacional que tende à falência.

Atividade de Leitura e Interpretação

Adoro esse texto!

Outro presente para a senhora - Carlos Drummond de Andrade

— Mãe, taqui seus chocolates!

— Que chocolates, meu anjo?

— A senhora não sabe que, no Dia das Mães, dê chocolate pra ela? Comprei um pacotão divino-maravilhoso-fora-de-série, pra senhora. Tem bombons, tabletes, figurinhas, pastilhas, drágeas... Um negócio, mãe! [...]

— Alfredinho, o médico me proibiu de comer chocolate.

— E daí? Esquece o médico. Não é Dia dos Médicos, é Dia das Mães, dia da senhora. Quando é que as mulheres vão se emancipar da tutela dos homens?

— E você não é homem, criatura? Você quer que eu seja independente comendo chocolate que você faz questão de me dar?

— Fico triste com a senhora.


— Fique não, querido. Vamos fazer uma coisa. Dê esse pacote tão lindo pra sua namorada.

— A Georgiana? A Georgiana não é casada nem mãe solteira, como é que eu vou dar presente a ela no Dia das Mães. Pega mal.

— Toda namorada merece ganhar presentes em qualquer dia do ano.

— Não posso dar chocolates a Georgiana.

— Não pode por quê?

— Engorda.

— Ah, muito bonito. Então a Georgiana não pode engordar, e eu, que sou mãe do namorado dela, posso, né?

— Não é nada disso, mãe. Também não quero que a senhora engorde, mas se engordar, problema do papai.

— O problema é meu antes de mais ninguém, ouviu? Ou você não acha mais que a mulher deve resolver por si mesma o que lhe convém ou não convém?

— Mas chocolate, uma coisa à-toa... Que importância tem isso? [...]

— É uma tentação, mas eu resisto.

— Eu ajudo a destruir o que tá aí dentro, mãe. [...]

— Nããããão. Leve pra Georgiana, já disse.

— Já vi tudo. A senhora quer ter uma nora de barrigona estufada de tanto comer chocolate, só pra ter o gosto de mostrar que a sogra dela é mais leve que manequim!

— Bandido, some da minha frente com essa porcaria, que eu não sou mais sua mãe!

. Poesia e prosa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1988.)



1. O texto lido é um diálogo. Que características desse gênero estão presentes no texto? Qual é o tema da conversa entre a mulher e seu filho?

2. Por que ela recusa o presente?

3. Diante da recusa da mãe, que argumento o rapaz usa para tentar convencê-la a aceita e comer os chocolates?

4. Em certo momento o rapaz diz: "Eu ajudo a destruir o que tá aí dentro, mãe". O que ele quer dizer com isso?

5. Retire do texto as palavras usadas pela mãe para se dirigir ao filho, depois explique o porquê da alteração de uso.

6. Retire do texto palavras que servem como marca da linguagem oral.

7. Pense no título do texto. Porque o autor usou a palavra outro?

8. Como você reagiria se, ao dar um presente para uma pessoa, ela o recusasse? Escreva sua opinião em 1ª pessoa, num texto de, no mínimo 10 linhas.



Se vc é meu aluno e perdeu a atividade ou é um professor que precisa dela, está aqui embaixo uma cópia pronta para imprimir, mas sem possibilidade de modificar. Repare que ao clicar sobre ela abrirá uma nova tela!


bjks


Quel



sexta-feira, 11 de março de 2011

O que fazer depois da sondagem?

Eu sempre me questionei sobre o que fazer depois de uma atividade diagnóstica, por isso, acho que este post pode ser útil para aqueles que, como eu, são novos na educação e não entendem aqueles manuais!

De fato, todos sabemos que antes de qualquer planejamento é preciso fazer uma sondagem para diagnosticar o tipo de leitura e escrita que os alunos são capazes de fazer. Se a atividade de sondagem que eu postei não serve para sua série, você tem duas opções, pode me mandar um e-mail pedindo ajuda ou pensar em gêneros dentro das esferas linguísticas aos quais os alunos já estejam familiarizados, e fazer três perguntas sobre esse texto, procurando abordar as habilidades de LOCALIZAR, INTERPRETAR e COMPREENDER.

Procure estabelecer um padrão de respostas certas e erradas, mas dê abertura para novas formas de perceber o texto, lembrando sempre que não é porque o aluno escreveu algo coeso e coerente que deve ser considerado correto, porque pode não ser uma resposta para a sua pergunta.

Depois de corrigido, sugiro que se monte um controle que abarque os acertos individuais, mas também possibilite uma visualização geral da turma. Eu sugiro que se faça um X nas alternativas corretas... mas você pode criar outras formas de organização

Modelo: (se precisar, solicite por e-mail raqueldonega@globo.com)


A atividade que eu faço a seguir é a seguinte...
> Seleção dos alunos com as melhores respostas (sempre inicie pelas perguntas com menor número de acertos)
> Organização de grupos com base na qualidade das respostas
> Solicitação para que formulem a melhor resposta para a pergunta, englobando a resposta de todos os participantes da equipe
> Entrega de cartolina (ou papel craft) para que cada grupo escreva sua resposta
> Compartilhamento da resposta e explicação para toda a turma

bjks

Quel Donegá

quarta-feira, 9 de março de 2011

Seus poemas meus! Para Éolo Yberê Libera

Ganhei estes poemas de um grande amigo e poeta, conhecido no site da Magriça (saudades tantas!)...


Obrigada Éolo, por me ler, por me escrever!


bjks



QUEL

(Para Raquel Donegá que sabe a dor do ofício)

Quando escrevo, Raquel, esqueço os limites

e faço palavras como quem se esgota.

Quando escrevo, Raquel, sou transparente

porque não sei dizer tudo quanto me revela.

Quando escrevo Raquel, queria ser como você

e inventar parâmetros como se as bordas do poema

fossem as margens de oceanos inacabados.

Quando escrevo, Raquel, penso suas palavras

e não consigo fazer do poema a sua história

porque mentimos – você e eu – palhaços

de uma mesma emoção.

Quando escrevo, Raquel

você muda de estado

muda de forma.

E ainda que não me saiba

sabe tudo quanto importa.




Raquel II
A tarde solta
solta você louca
na tarde morta.
E nada que possa
alcançar a graça
de amar a louca
atinge a tarde
rarefeita e parca.
Somos dois
e somos muitos
ainda que não seja tudo,
ao menos que não seja tarde.

Lendo e lembrando:

"Quanto aos meus pobres versos, tanto são para você, quanto são seus. Se quiser publicá-los, eu recebo sua intenção como homenagem, e seu gesto como um abraço de sua generosidade. Eles são o que tenho para partilhar porque minha alma já se fragmentou há muito tempos nas coisas que escrevi e plantei, com profunda concentração, nas margens do caminho.
Nós somos maiores que nossos poemas porque eles cabem dentro de nós e não ao contrário. O verso ruim, é este soluço que o tempo marca em nossa pele para que nos aquietemos. Tenha esperança. Seu verso virá, ainda que não seja agora. É sua sina. Bendita e benfazeja. Uma doce cruz sem Cireneu."

terça-feira, 8 de março de 2011

Atividade Sondagem de leitura e escrita 8º e 9º anos

Educadores,
A atividade a seguir deve ser aplicada integralmente, pois compreende 3 esferas de produção e de leitura textuais, reparem que os textos atendem às esferas jornalística, científica e literária. Caso tenha alguma dúvida sobre a aplicação, mande um comentário e seu e-mail para conversarmos...
bjks


Quel Donegá


LEIA OS TEXTOS E RESPONDA ÀS QUESTÕES QUE O SEGUEM EM UMA FOLHA À PARTE.
Texto 1: EDUCADORES LAMENTAM ESCOLHA DE TIRIRICA PARA COMISSÃO NA CÂMARA
Indicado para Educação, palhaço teve de provar à Justiça não ser analfabeto; ele pediu a seu partido, o PR, para ser indicado ao posto
25 de fevereiro de 2011 | 20h 51
Eduardo Bresciani, do Estadão.com.br e Gabriel Manzano, de O Estado de S. Paulo
Depois de submetido a um teste para provar à Justiça Eleitoral que não era analfabeto, o deputado, cantor, compositor e humorista Francisco Everardo Oliveira Silva - o Tiririca - foi indicado, nesta sexta-feira, titular da Comissão de Educação e Cultura da Câmara.
A escolha foi anunciada pelo líder do PR, Lincoln Portela (MG), e atende a um pedido pessoal do deputado. Um ofício confirmando a indicação - antecipada pelo estadão.com.br às 15h38 desta sexta - será protocolado pelo PR na terça-feira. Segundo a assessoria de Tiririca, ele queria muito fazer parte da comissão porque pretende atuar, como deputado, na área artística. É até filiado, em São Paulo, ao sindicato da categoria.
A notícia espalhou surpresa e desconsolo entre educadores."É um retrato da sociedade que temos", reagiu o professor Mozart Neves Ramos, da ONG Todos pela Educação. "Acho lamentável", acrescenta a titular de Pedagogia da Faculdade de Educação da Unicamp, Maria Márcia Malavasi. "Não por ele, mas porque há tantas outras pessoas com carreira, seriedade e currículo para essa missão."
Tiririca vai discutir e votar políticas educacionais depois de chegar ao Congresso envolvido numa aura de analfabetismo. Eleito com mais de 1,3 milhão de votos - a segunda maior votação da história da Câmara -, só conseguiu tomar posse depois de provar, perante um juiz eleitoral, que sabia ler e escrever. O argumento do juiz Aloísio Silveira, que o aprovou no TRE paulista, foi que "a Justiça Eleitoral tem considerado inelegíveis apenas os analfabetos absolutos e não os funcionais". O educador Mozart Ramos fez uma comparação: "Imagino se, na hora de formar uma seleção brasileira de futebol, houvesse vagas e cotas para os clubes, como para os partidos". O mais grave, observou, é que este é um ano importante para as causas educacionais. "Temos um Plano Nacional de Educação a ser definido. Com ele, a Lei de Responsabilidade Educacional. A reforma do ensino superior, a questão das cotas." Uma agenda "em grande parte técnica, que exige gente de preparo no setor".
Lembrando que o Brasil tem "14 milhões de analfabetos com mais de 15 anos e muitos milhões mais de analfabetos funcionais", ponderou que Tiririca não está preparado para atender "à dramática necessidade de se organizar a educação para uma sociedade moderna e preparada".
Marcia Malavasi, da Unicamp, esclareceu que não tem nada pessoal contra o deputado. "Não se trata de desmerecer as qualidades que ele possa ter. Mas é evidente que há uma inadequação entre o que ele representa e o tamanho dos desafios da educação brasileira."
Completando sua tarde de celebridades, a Câmara emplacou também o ex-jogador de futebol Romário (PSB-RJ) como vice-presidente da Comissão de Turismo e Desporto. Nesse time jogarão também Danrley de Deus (PTB-RS), ex-goleiro do Grêmio, e o ex-boxeador Acelino de Freitas, o Popó. Romário já avisou que pretende trabalhar com os grupos encarregados de organizar a Copa do Mundo , em 2014, e a Olimpíada do Rio, em 2016. A Comissão de Finanças terá o ex-participante do programa Big Brother Brasil Jean Wyllys (PSOL-RJ).

1. Qual cargo foi atribuído ao Tiririca?
2. Por que os educadores lamentam que este cargo tenha sido atribuído a ele?
3. No subtítulo da matéria, os autores se referem ao Deputado Tiririca usando a palavra “palhaço”, já no primeiro parágrafo do texto, traz outras características sobre ele. Justifique a escolha dos autores e dê sua opinião sobre o fato reportado.


Texto 2: TRISTEZA OU DEPRESSÃO?
Leitor da CH pergunta como é possível saber se estamos tristes ou deprimidos. Para esclarecer a dúvida, um pesquisador da UFRJ apresenta a definição dessas duas condições psíquicas e destaca o caráter interpretativo do diagnóstico.
Por: Julio Pergunta enviada por Hélio Mendes, de Campo Grande/ MS.


Não há um meio absolutamente seguro de fazer tal distinção. Apesar da ampla divulgação de critérios para identificar a depressão, esse diagnóstico sempre depende da interpretação do profissional que examina o caso. Uma definição das duas condições pode mostrar algumas diferenças genéricas entre elas.

A tristeza é um estado afetivo desconfortável vivido como um sentimento de pesar, de dor psíquica e moral, geralmente relacionado a algo que contraria o que um indivíduo acredita almejar. Ela pode produzir sentimento de impotência, vontade de chorar, expectativa negativa quanto a eventos futuros, entre outros aspectos. A tristeza dá colorido à existência humana, sendo, portanto, um acontecimento normal.
O que se convencionou chamar de depressão, por sua vez, é um estado patológico no qual a vida afetiva perde, em boa parte, sua plasticidade. Enquanto a tristeza não impede que alguém viva outras emoções quando o contexto se altera, a depressão costuma causar sentimentos sombrios a maior parte do tempo, e os que a experimentam têm grande dificuldade para recuperar o prazer, a alegria e outros afetos.
Outra diferença comumente observada diz respeito ao fato de a depressão estar menos correlacionada que a tristeza a episódios conhecidos da vida. É frequênte que uma pessoa deprimida tenha dificuldade de ligar o que sente a algum acontecimento específico que tenha vivido antes da apresentar o quadro.
A depressão geralmente produz perda de energia para agir, desânimo acentuado, dificuldade de concentração, pensamento circular em torno das mazelas humanas, desvalorização da autoimagem, entre outras características distintas da tristeza. É comum também ocorrer na depressão a modificação de algumas funções fisiológicas, como o sono (principalmente insônia) e o apetite (o mais comum é perdê-lo).
Por fim, é preciso mencionar que a depressão, ao contrário da tristeza, pode acarretar a presença de ideias sobre a própria morte e, em casos graves, a intenção de provocá-la.
Julio Sergio Verztman
Instituto de Psiquiatria, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Texto originalmente publicado na CH 278 (janeiro/fevereiro de 2011).
Publicado em 17/02/2011 | Atualizado em 02/03/2011
1. Qual a definição de tristeza? E qual a definição de depressão?
2. O texto apresenta diferenças entre essas duas condições psíquicas. Qual das duas acarreta maiores problemas para o desempenho das atividades humanas?
3. É possível evitar que tais condições psíquicas se desenvolvam? Justifique sua resposta.
Texto 3: O HOMEM NU – FERNANDO SABINO
Ao acordar, disse para a mulher:
— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares… Desta vez, era o homem da televisão!
Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
— Maria, por favor! Sou eu!
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo… Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido… Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!
— Isso é que não — repetiu, furioso.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: “Emergência: parar”. Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Imagine que eu…
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
— Valha-me Deus! O padeiro está nu!
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
— Tem um homem pelado aqui na porta!
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
— É um tarado!
— Olha, que horror!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
Não era: era o cobrador da televisão.

1. Por que o homem estava nu?
2. Um único fato foi responsável por toda a situação passada pelo homem. Que fato é esse? Que ação ele deveria ter feito para evitar a situação?
3. Lembre de uma situação em que se sentiu constrangido (pode ser algo que você fez ou tenha visto alguém fazendo), você acredita que seja possível se sair bem de uma situação assim? Como?

Leia o post a seguir se quiser fazer uma atividade posterior usando os textos da sondagem

E lembre-se de comentar o post e relatar sua experiência, isso ajuda os outros educadores que usarem a atividade e a mim, que posso fazer alterações com suas sugestões.

Foto com celular


Não precisa chamar o guincho!
O cachorro bêbado
UAU! Tem alguma coisa errada nessa garrafa...
Repara nos rótulos preparados para a Dê!

domingo, 6 de março de 2011

Inversão carnavalesca - à Roberto DaMatta

Inversão Carnavalesca

E não é que tudo se inverte
Nesse maldito carnaval
Fico aqui ouvindo Ivete
Que voa borboleta, coisa e tal
Mas se digo “não me diverte”
Eu que sou sobrenatural.

Se a minha vizinha pobretona
Sai na rosas de ouro de rainha
Eu não ouso dizer “cafona”
Minha fala é que desalinha
Pois eu vejo pela telona
Que a cultura não definha

Enquanto uma na fome padece
Mas na avenida rebola a noite inteira
Outra vestida de cristal aparece
Da escola é padroeira
E ao ourives é que agradece
Pela coroa passageira

Mas se a escola não é campeã
Eis que a fúria se mostra ao mundo
Voa cadeira em febre terçã
Vê-se o ódio no rosto imundo
Já não importa quem pegou a maçã
A festa acaba em luto profundo

E no fim, quarta à tarde é rotina
E a ressaca é a inimiga
O padre volta a vestir a batina
Na barriga, se alimenta a lombriga
E a vida que parecia tão intensa
A mudar de ritmo nos obriga.



Dedicatória: Roberto DaMatta

Publicado originalmente em 16/02/2010 22:05:27 - Site da Magriça (em desuso)