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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Educação e tecnologia?


Que as tecnologias da informação e comunicação colaboram para o desenvolvimento de competências e habilidades todo mundo já sabe. Mas o problema é como fazer para transformar aquilo que já é deles em instrumentos de aprendizagem.

Semestre passado fiz um curso sobre produção de material didático e uso de tecnologia na sala de aula. Explicar em algumas linhas como fazer uso desses recursos para fazer o aluno aprender me parece meio bobo, mais importante do que isso é que o professor tome posse desses conhecimentos. Quando o professor faz uso da tecnologia em sua vida, ela naturalmente passa a ser um recurso didático, como os livros... não foram criados para ensinar, mas são usados para isso, as revistas em quadrinhos idem, e tudo o mais quanto tocamos vira aula. Logo, acredito que o processo de inserção da tecnologia na sala de aula decorre da inserção do professor no mundo tecnológico.

Muitos professores temem que as vídeo-aulas acabem tomando o seu lugar, mas eu não acredito que haja risco... pois, para isso, seria preciso que nossos alunos fossem autodidatas, o que não ocorre na maioria das vezes. Além do mais, não se aprende só por meio do acesso, mas por meio da interação com os conteúdos... e a interação em ambientes virtuais sempre será uma interação virtual! Como humanos, precisamos de outras formas de estímulo que vem na interação humana. Isso porque a tecnologia por si só é muito abstrata para nossos alunos, eles precisam de seres concretos que falem, vejam, gritem quando necessário... que estejam vivos!

O primeiro ponto a ser pensado em relação à qualidade do ensino é que a baixa qualidade não decorre apenas da falta de tecnologia na sala de aula. Muitas pesquisas provam que as escolas tradicionais (com aulas expositivas e centradas no professor) ainda têm um desempenho melhor do que as demais. Ora, se isso ocorre é porque não estamos sabendo usar a tecnologia em nosso favor? Não...

Imagino que o governo finja que não sabe que a escola não passa de um termômetro da sociedade, mostrando a quem quiser ver as sequelas deixadas pela falta de controle de natalidade, de saúde de qualidade, de políticas sociais... A escola só reflete a sociedade... e vejam bem, a gente já usa a tecnologia na sala de aula: vídeos, música, filmes... há muita tecnologia lá...

A busca da qualidade da educação só se concretizará quando tivermos uma sociedade melhor, enquanto não se investir em políticas sociais, a educação apenas refletirá os problemas.... aliás, chego a cogitar que fazemos um trabalho divino considerando a passividade e falta de perspectiva de futuro que nossos alunos trazem!

A tecnologia já está nas salas de aula, mas eu quero mesmo que ela esteja no dia-a-dia do professor!

2 comentários:

  1. Certas ferramentas tecnológicas são incríveis e podem ajudar professores, mas infelizmente o acesso a tecnologias de comunicação global instantânea transformaram uma massa de idiotas completos em uma massa de idiotas complenos via internet. Quem tem conteúdo apenas ganhou novas ferramentas para acelerar seus potenciais e divulgá-los, já os idiotas apenas ganharam mais um meio de fazer novas tolices. Nas escolas é a mesma situação: os alunos que podem se desenvolver vão fazer algo útil, os que não podem vão se atrapalhar e atrapalharão os demais.

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  2. Quel, o Grande Urso Obscuro (animal beligerante e de enorme cérebro) fez um excelente comentário! A Net mudou tudo para o bom, o ruim, o ótimo e o péssimo. Tenho vivenciado essa situação todo santo (ou diabólico) dia. E aí você acertou em cheio: a questão não é a falta de tecnologia, mas problemas anteriores, sócio-econômicos. O aluno traz sua vida para a sala de aulas. O uso da tecnologia que ele faz, decorre do seu mundo. Leciono numa IFES que tem dado tudo de excelente em infra-estrutura e, dentro dela, de suporte tecnológico. Mas a diferença continua sendo sócio-econômica(fora as exceções sempre existentes). Essa diferença faz a diferença e por melhor que seja a instituição de ensino, ela não é uma ilha (coisa que as IFES e os "magníficos" reitores adoram pensar que são) mas a continuidade da sociedade e do seu estágio de desenvolvimento. Acho, inclusive, que o absurdo e ridículo título de "magnífico" dado a um funcionário que exerce por um período a função de reitor é exemplar, reproduzindo de forma simbólica (e prática também, pois os caras andam de carro chapa preta!) o abismo das desigualdades dentro da academia.bjo.Buca

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