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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Roteiro de abordagem para Chapeuzinho Amarelo - do Chico Buarque

1 Série a que se destina:
1º Ano – Ciclo II – Ensino Fundamental 2 Objetivos: Desenvolver as competências leitoras e escritoras de textos poéticos dentro da tipologia narrativa. Relacionar imagens e texto Perceber as características dos textos poéticos Relacionar título ao texto Perceber rimas e ritmo textuais Identificar o tema do texto 3 Conceitos explorados:
Linguagem poética (verso, estrofe, ritmo e rima) texto narrativo (situação inicial, conflito, clímax e situação final), elementos da narrativa (foco narrativo e personagens)
4 Reprodução do texto utilizado:
Chapeuzinho Amarelo – Chico Buarque
Era a Chapeuzinho Amarelo.
Amarelada de medo.
Tinha medo de tudo, aquela Chapeuzinho.
Já não ria.
Em festa, não aparecia.
Não subia escada, nem descia.
Não estava resfriada, mas tossia.
Ouvia conto de fada, e estremecia.
Não brincava mais de nada, nem de amarelinha.
Tinha medo de trovão.
Minhoca, pra ela, era cobra.
E nunca apanhava sol, porque tinha medo da sombra.
Não ia pra fora pra não se sujar.
Não tomava sopa pra não ensopar.
Não tomava banho pra não descolar.
Não falava nada pra não engasgar.
Não ficava em pé com medo de cair.
Então vivia parada, deitada, mas sem dormir, com medo de pesadelo.
Era a Chapeuzinho Amarelo…
E de todos os medos que tinha
O medo mais que medonho era o medo do tal do LOBO.
Um LOBO que nunca se via,
que morava lá pra longe,
do outro lado da montanha,
num buraco da Alemanha,
cheio de teia de aranha,
numa terra tão estranha,
que vai ver que o tal do LOBO
nem existia.
Mesmo assim a Chapeuzinho
tinha cada vez mais medo do medo do medo
do medo de um dia encontrar um LOBO.
Um LOBO que não existia.
E Chapeuzinho amarelo,
de tanto pensar no LOBO,
de tanto sonhar com o LOBO,
de tanto esperar o LOBO,
um dia topou com ele
que era assim:
carão de LOBO,
olhão de LOBO,
jeitão de LOBO,
e principalmente um bocão
tão grande que era capaz de comer duas avós,
um caçador, rei, princesa, sete panelas de arroz…
e um chapéu de sobremesa.
Mas o engraçado é que,
assim que encontrou o LOBO,
a Chapeuzinho Amarelo
foi perdendo aquele medo:
o medo do medo do medo do medo que tinha do LOBO.
Foi ficando só com um pouco de medo daquele lobo.
Depois acabou o medo e ela ficou só com o lobo.
O lobo ficou chateado de ver aquela menina
olhando pra cara dele,
só que sem o medo dele.
Ficou mesmo envergonhado, triste, murcho e branco-azedo,
porque um lobo, tirado o medo, é um arremedo de lobo.
É feito um lobo sem pelo.
Um lobo pelado.
O lobo ficou chateado.
Ele gritou: sou um LOBO!
Mas a Chapeuzinho, nada.
E ele gritou: EU SOU UM LOBO!!!
E a Chapeuzinho deu risada.
E ele berrou: EU SOU UM LOBO!!!!!!!!!!
Chapeuzinho, já meio enjoada,
com vontade de brincar de outra coisa.
Ele então gritou bem forte aquele seu nome de LOBO
umas vinte e cinco vezes,
que era pro medo ir voltando e a menininha saber
com quem não estava falando:
LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO
Aí, Chapeuzinho encheu e disse:
"Pára assim! Agora! Já! Do jeito que você tá!"
E o lobo parado assim, do jeito que o lobo estava, já não era mais um LO-BO.
Era um BO-LO.
Um bolo de lobo fofo, tremendo que nem pudim, com medo de Chapeuzim.
Com medo de ser comido, com vela e tudo, inteirim.
Chapeuzinho não comeu aquele bolo de lobo,
porque sempre preferiu de chocolate.
Aliás, ela agora come de tudo, menos sola de sapato.
Não tem mais medo de chuva, nem foge de carrapato.
Cai, levanta, se machuca, vai à praia, entra no mato,
Trepa em árvore, rouba fruta, depois joga amarelinha,
com o primo da vizinha, com a filha do jornaleiro,
com a sobrinha da madrinha
e o neto do sapateiro.
Mesmo quando está sozinha, inventa uma brincadeira.
E transforma em companheiro cada medo que ela tinha:
O raio virou orrái;
barata é tabará;
a bruxa virou xabru;
e o diabo é bodiá.
FIM
(Ah, outros companheiros da Chapeuzinho Amarelo:
o Gãodra, a Jacoru,
o Barãotu, o Pão Bichôpa…
e todos os tronsmons).
5 Descrição da proposta: Esta proposta visa trabalhar a narratividade presente nos textos poéticos, estabelecendo uma relação intertextual entre os textos “Chapeuzinho Vermelho” e “Chapeuzinho Amarelo”. 6 Explicação das estratégias a serem utilizadas para o desenvolvimento da proposta: a. Reconstrução da História da Chapeuzinho Vermelho oralmente com os alunos. b. Distribuição de cópia do poema (ou reprodução dele no datashow) para que os alunos possam acompanhar a leitura c. Leitura do poema em voz alta, com intervenção do professor com perguntas como: “Por que será que este chapéu é amarelo e não vermelho?”, “Em que pensamos quando vemos a cor amarela?”... etc (nesse momento é bom que o professor esteja com o livro mesmo, sei da dificuldade que é ter o livro, mas ele custa cerca de R$25,00 e é uma obra prima da literatura infantil) d. Exploração dos medos das crianças “porque ela tinha tanto medo e do que?”... “porque o lobo fica chateado?” e. Reprodução (quando possível) das imagens que compõem o livro, ou mostragem do livro. f. Reconstrução da narrativa, com os alunos. Buscando responder: Quem? Onde? Quando? Como? Por quê? g. Destacar para os alunos a estrutura poética do poema, relembrando os conceitos de verso, estrofe e rima. h. Trabalhar algumas rimas do poema com os alunos. Observação
Sempre que trabalho este texto com meus alunos faço uma atividade de análise do texto e peço para que eles listem pelo menos 30 coisas de que já tiveram ou de que tem medo, dizendo quais os motivos dos seus medos. Em seguida, fazemos uma espécie de roda do medo em que vamos jogando os medos na roda e discutindo o porquê deles existirem e se há algo que justifique permanecer com medo deles. Por exemplo, eles concordam que não precisam ter medo de escuro, mas muitos acham que precisam ter medo da diretora da escola. Por fim, faço uma relação entre a Chapeuzinho Vermelho e o medo e a Chapeuzinho Amarelo.

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