Um dia me disseram que nunca ganharia na loteria, pois não
se ganha duas vezes eu já havia ganhado quando nasci filha dos meus pais.
Meus pais são uma dicotomia linda, como uma moeda, não
consigo imaginá-los um sem o outro. Felizmente é assim.
Meu pai é um homem. Um exemplo de homem, íntegro, bom,
honesto, justo, feliz, vencedor. Um homem grato.
Meu pai é um alcoólatra em recuperação desde que eu era uma
menina. Deixou o álcool, e eu acho lindo quando ele cheira nossa bebida porque
ainda aprecia o aroma, acho doce quando prova um pouco da bebida só para ter
certeza de que aquilo já não lhe agrada mesmo, e o admiro por ter vencido o
vício e se tornado um exemplo para nós.
Meu pai é um trabalhador, a vida não lhe deu nenhum dinheiro
de mão beijada, e sua aposentadoria precoce não é um prêmio, como alguns podem
pensar, nós que estávamos perto, o vimos mancar dia após dia sem reclamar,
porque isso não diminui a dor mesmo. Eu o vi trabalhando, apesar da dor,
durante anos na serralheria (a outra metade da moeda chegando do trabalho e
indo ajudar), e nossa casa é a prova de que valeu a pena cada fagulha dentro do
olho.
Meu pai foi o homem que disse "Parabéns filha, só não
para a faculdade"; e "Eu apoio o filho de todo mundo vou deixar a
minha filha sem apoio?"; e ainda "Se eu tivesse outra filha, queria
que fosse como essa". Tudo isso quando eu estava grávida, solteira (por
opção mesmo) e insegura.
Meu pai é pai. Não apenas meu, mas de quem precisar dele, a
prova disso é que tem muitos filhos não consanguíneos por aí. Roberto, Nena,
Miltinho são provas disso. Quantos amigos meus queriam um pai que fosse metade
do meu, um terço!
Meu pai é um homem grato e temente a Deus. Ele nos ensinou a
crer, a orar a agradecer e a compreender que somos parte de uma grande obra,
com uma missão particular. Sempre esteve lá para me ajudar a cumprir minha
missão como professora, executando meus projetos malucos... me ajudando a montar
minhas ideias da melhor forma.
Meu pai é mais do que um herói, é um homem que me ensinou a
ser grata às pequenas coisas da vida, que achou lindo eu ser quem eu era, por
mais estranha que eu fosse, é um homem que ri, que chora, que grita, que fica
de cara fechada e nunca soube brigar comigo (deixava sempre essa tarefa pra minha
mãe). Mas é um dos homens da minha vida!
Meu pai já é avô, e isso fez dele um homem mais feliz.
Segurar a cabeça do Augusto que parecia uma laranja naquelas mãos enormes ainda
ásperas era tão lindo! E como eu poderia impedi-lo de dar goiabada pro neto só
porque ele tinha 2 meses e era prematuro? Meu pai foi pai do Gu quando eu
fiz estágio, cuidava dele praticamente a tarde toda para eu poder me formar e
entre eles há um elo que ninguém explica. Nunca vi meu pai chorar tão
dolorosamente como quando vim pra Macaé. Nem mimar alguém como faz com o
Augusto. Tudo é pouco para esse neto. e quem sou eu para dizer não faça! Eles
são um do outro.
Pai, você é um exemplo de homem, o melhor exemplo que eu
poderia ter. Dizer que eu te amo é pouco, deveria inventar outro sentimento,
não apenas te amo, gostaria que o mundo fosse cheio de gente como você.
Te amo
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