A fome não dorme
nem deixa dormir o menino
cuja mãe também não dorme
com suas barrigas famintas
Ele arrisca dizer "tenho fome"
e com carinho a chama "mamãe"
ela responde serena
"dorme, querido, dorme"
Mas a fome é insistente
devora-os por dentro
o menino repete o pedido
e a mãe o seu apelo
Mas ao novo pedido do filho
gritam a dor e o desespero
"dorme, menino chato"
e ele silencia, em seu medo.
No cansaço da inanição
na fraqueza das fraquezas
dormem o sono dos injustiçados:
barriga vazia, coração em dor
Seus sofrimentos não ecoam
na próxima noite será tudo igual
porque a fome não dorme nunca
não cochila, não descansa
E enquanto a fome não dorme
é triste ver gente à mingua
à espreita da certeira morte
sonhando com um prato de comida....
Esse poema está bem distante do que costumo ler e possui uma mensagem impactante.
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