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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Carnaval

E não é que tudo se inverte

Nesse maldito carnaval

Fico aqui ouvindo Ivete

Que voa borboleta, coisa e tal

Mas se digo “não me diverte”

Eu que sou sobrenatural.

Se a minha vizinha pobretona

Sai na Rosas de Ouro de rainha

Eu não ouso dizer “cafona”

Minha fala é que desalinha

Pois eu vejo pela telona

Que a cultura não definha

Enquanto uma na fome padece

Mas na avenida rebola a noite inteira

Outra vestida de seixos aparece

Da escola é padroeira

E ao ourives é que agradece

Pela coroa passageira

Mas se a escola não é campeã

Eis que a fúria se mostra ao mundo

Voa cadeira em febre terçã

Vê-se o ódio no rosto imundo

Já não importa quem provou a maçã

A festa acaba em luto profundo

E no fim, quarta à tarde é rotina

E a ressaca é a inimiga

O padre volta a vestir a batina

Na barriga, se alimenta a lombriga

E a vida que parecia tão intensa

A mudar de ritmo nos obriga.

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