segunda-feira, 22 de março de 2010
domingo, 21 de março de 2010
segunda-feira, 1 de março de 2010
Mente em preto e branco

Se olhas para o outro
vendo a cutis desbotada
atribuindo valores bons
à alma cheia de escritos vãos
Se olhas a pele escura
procurando nela o defeito
atribui moral medíocre
sem consciência, sem razão
Se olhas o olho puxado
esperando a inteligência
sem ver que almas às vezes tolas
tem na carne aspecto são
Se ouves o sotaque puxado
do nordestino ou descendente
e já o julgas desviado
da virtude, trabalho bom
Se reparas a roupa de linho
sem notar a alma suja
se se lambuzas do bom vinho
ignorando a proveniência do pão
Se notas o falar estrangeiro
como se fosse marca de luxo
e ama sem saber quem era antes
de adentrar esse país filão
Se rejeita a roupa já usada
e as manchas na pele do índio
sem lembrar que lhes tomamos a terra
os deixamos sem fonte de alimentação
Se devoras a carne alheia
por ver a pele macia e lisa
e as pernas sempre torneadas
sem desejo de verdadeira união
Se olha a saia e o cabelo cumpridos
e deseja morte aos crentes
se julga todo pastor indecente
porque ele só toma do tolo a fração
Se és tolo de ver a imagem
e por ela julgar a existência
tens uma mente em preto e branco
dela só restará a podridão