Análise transdisciplinar norteada
pela leitura do livro “Quarto de Despejo – Diário de uma favelada”, de Carolina
Maria de Jesus
Idealização:
Prof. Raquel Donegá
1. Identificação
Produto final: Aulão expositivo e interdisciplinar baseado na obra Quarto de
Despejo e Produção textual sobre o tema:
"Fome e desigualdade social no século XXI”
Duração: 3
manhãs
Público-alvo: Ensino Médio
Professores:
Raquel Donegá - Idealização - Língua Portuguesa e
Redação
Laís de Paula -
História e Atualidades
Mila Suzano- Inglês e
Língua Portuguesa
Renato Batista -
Geografia
Carlos Renato Ferreira
Monteiro - Sociologia e Filosofia
Ricardo de Lucia -
Artes
Jaqueline Paiva -
Biologia
Rafael Pacheco -
Química
Joelson Silva -
Matemática
Assessoria educacional:
Ana Helena Senna
Estudantes desenvolvedores:
Gustavo Gomes - Educação
Financeira
Ana Julia de Abreu Almeida da
Silva - Ilustração
1.1 Objetos de análise:
Quarto de Despejo –
Diário de uma favelada – Carolina Maria de Jesus
Fragmentos selecionados
Versões completas
Determinação – Ferréz https://www.youtube.com/watch?v=vJi1J1KgXyM
Lixo Extraordinário - https://www.youtube.com/watch?v=61eudaWpWb8
Inquérito - Rosa do Morro - https://www.youtube.com/watch?v=3BhrBqgvIKs
Ensaio
sobre a cegueira - Filme
Pobres do Brasil levam
até 9 gerações para ter renda media https://www.gazetadopovo.com.br/politica/republica/pobres-do-brasil-levam-ate-9-geracoes-para-ter-renda-media-diz-estudo-b3c927690le7yjnsai0d26vac?utm_source=facebook&utm_medium=organico&utm_campaign=ricardo-amorim
1.2 Textos para consulta:
Vídeo Aula UFRGS - https://www.youtube.com/watch?v=WYbcq__ObU4
Poética da Diáspora - https://www.youtube.com/watch?v=T0ncwWD1C9g
Carolina de Jesus, fenômeno editorial - https://www.youtube.com/watch?v=PucTtvFtDBA
Como a pintura pode transformar as comunidades -
Como a física pode salvar o planeta
Documentário Estamira https://www.youtube.com/watch?v=jSZv8jO9SAU
Ilha das Flores https://www.youtube.com/watch?v=LETSDS8qm9U
Trailer - todo mapa tem um discurso
Trailer - todo mapa tem um discurso
Slam Resistência - https://www.youtube.com/watch?v=68yppqmqZVE
Literatura e poesia marginal com WJ https://www.youtube.com/watch?v=2RTsUF3kpT4
Sobre a desocupação da favela
Pinheirinho https://www.youtube.com/watch?v=wf1nCxogoY8
O massacre de Pinheirinho https://www.youtube.com/watch?v=NBjjtc9BXXY
Visão jurídica sobre o Pinheirinho https://www.youtube.com/watch?v=1XHjz8gMKhM
Ferréz - Literatura e Resistência https://www.youtube.com/watch?v=kfzY1nSw4eg
Como
torturar dados
A primeira favela https://www.youtube.com/watch?v=9fx9p-tvD0s
1.3 Temas transversais
- Trabalho, equidade,
justiça social, discriminação, segregação socioespacial, favelização, identidade
socioespacial (Sociologia, Filosofia, Geografia e História )
- Fatores de risco a
saúde humana (verminoses: leishmaniose e esquistossomose), poluição de corpos hídricos e saneamento básico
(Biologia),
- Alcoolismo, cor da
pele, chorume (condições de saneamento) - Química
- Patrimônio cultural
e linguístico brasileiro (português e artes),
- Perspectiva social
dos indivíduos na sociedade - homem e mulher nos anos 60 - (Mila)
- Sociedade e Cultura
brasileira no contexto histórico do país em meados do século XX (História)
- Gravidez indesejada - Fazer relações com Geografia da População e Biologia
- Gravidez indesejada - Fazer relações com Geografia da População e Biologia
- Lazer e bem-estar social - (Ed. Física)
- Planejamento financeiro - (Matemática)
- Planejamento financeiro - (Matemática)
2. Objetivos
Geral
● Capacitar a análise transdisciplinar de obras artísticas
norteada pela leitura do “Quarto de Despejo - Diário de uma favelada”.
● Orientar a
leitura crítica de toda e qualquer produção artística e manifestações culturais
como objetos ou fatos capazes de revelar concepções de mundo, construção de
conhecimentos diversos pelo senso comum e apropriação dos conhecimentos
científicos pela realidade concreta do cotidiano.
Específicos
● Desenvolver
nos estudantes o posicionamento reflexivo e crítico diante das relações sociais
intrínsecas à produção das obras e suscitadas pelas discussões.
● Compreender
a construção de estereótipos socioculturais como um processo histórico, pautado
sobre as relações humanos no tempo e no espaço (História)
● Identificar
a autora do livro como agente histórico protagonista nas relações do seu ponto
(História)
● Perceber a
obra como fonte história legítima para atender a demanda da História em abordar
cientificamente o período em questão
(História)
● Utilizar a
língua escrita e oral, adequada à norma culta, ajustada à intenção e situação
de comunicação, de forma a ser compreendido, expressar suas ideias e avançar no
seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua
capacidade expressiva (Língua Portuguesa);
● Verificar a
capacidade de elaborar tese, defender argumentos e ser capaz de propor uma
intervenção para o problema da fome e da desigualdade social no Brasil
(Produção textual)
● Proporcionar
um espaço de troca coletiva, entrelaçando conhecimentos em objetos de análise
diversos, possibilitando leituras profundas, dialógicas e intertextuais
(Linguagens)
● Reconhecer
as enfermidades comuns em comunidades marcada pela pobreza e falta de
saneamento e as formas de prevenção e tratamento. (Biologia)
● Utilizar a linguagem cartográfica para analisar,
interpretar e elaborar mapeamentos de diferentes espaços na perspectiva da
cartografia social crítica por meio de geotecnologias. (Geografia)
● Relacionar
dialógica e intertextualmente obras com diferentes gêneros e com diferentes
intenções comunicativas a fim de produzir obras de arte contemporâneas. (Arte)
3. Justificativa
Ao longo dos anos escolares, os alunos entram em
contato com diversos conhecimentos e objetos de análise. Entretanto, a
organização curricular, em geral, orienta leituras direcionadas e limitadas a
uma única disciplina ou área de conhecimento, deixando todas as outras
possibilidades de conexões intertextuais e dialógicas fora do âmbito de
análise.
Nossa ideia é propor a leitura fragmentada de uma obra
norteadora, a partir do qual serão acrescentados outros textos a serem
debatidos pelo corpo docente e discente, abordando o maior número possível de
temas interdisciplinares e demonstrando o diverso leque de interpretações que
se abre diante da leitura profunda de um texto.
Esperamos oportunizar, assim, aos alunos a possibilidade de identificar
a diversidade conceitual que permeia uma obra e demonstrar na prática as
diferentes habilidades e competências necessárias para sua formação.
Estão claros para nós, professores, os desafios de
desenvolver de forma coerente, um trabalho de caráter sócio-interacionista e
transdisciplinar, no âmbito do Ensino Médio. Nesse sentido, entendemos que esse
projeto é uma possibilidade de troca e aprendizados no que diz respeito à
própria metodologia da escola. Além disso, figura como uma oportunidade de
formação continuada, uma vez que paramos para desenvolver juntos, em equipe, um
projeto transdisciplinar que atenda à proposta pedagógica da instituição.
Entendemos e acreditamos, ainda, que esta é uma
experiência engrandecedora, capaz de promover um ambiente propício e apontar
perspectivas de trabalho cada vez mais alinhadas ao projeto pedagógico da
escola.
4. Metodologia e Cronograma
No desenvolvimento desse projeto é fundamental que as atividades sejam ao
mesmo tempo atrativas e enriquecedoras para aprendizagem dos estudantes.
Os momentos previstos foram os seguintes:
1° momento: Desenvolvimento do projeto - 24 de maio a 15
de junho
Criação de documento no Google drive
e comunicação à coordenação e assessoria sobre desenvolvimento do projeto -
28/06
Inserção
do Projeto no PDI dos professores envolvidos - a partir de 10/06
2° momento:
Apresentação do projeto para a coordenação pedagógica e assessoria para
possíveis adaptações e planejamento das datas de aplicação - 7 de junho a 26 de
junho
Diálogo
com assessoria Linguagens online: 1 a 5 de junho
Diálogo com a
Coordenação Pedagógica: 7 de junho
Determinação de datas
Reunião Pedagógica para
alinhamento das ações: 07.08.2018
Solicitação de verba
para café da manhã
3º momento: Apresentação do projeto para alunos que
farão parte do grupo de apoio:.
Organização de material
e pesquisa
Planejamento de ações
4° momento:
18 a 28 de junho - Apresentação do projeto nas turmas de 3ºano
28 de junho - Envio do livro por pdf para os alunos
Dia 1 - Linguagens e Humanidades - Terça
8h Recepção dos alunos e
lanche coletivo
9h20 Apresentação
da autora e contextualização da obra
Contextualização do
título da obra e discussão sobre a metáfora da obra
Literatura periférica e
a representatividade feminina
9h40 O
contexto sócio-histórico de produção
Aspectos sociais e
políticos abordados na obra + leitura de trechos
10h50 Estereótipos mulher-homem na obra
Análise da imagem da
mulher e das relações afetivas
10h10 Diálogo com as música Zé do
Caroço
11h20 Espaço para discussão e perguntas
Dia 2 - Humanidades, Dados e Biológicas -
Quarta
8h Recepção
dos alunos e café da manhã
8h10 Marginalização da literatura periférica e
silenciamento de grupos sociais
9h10 Apresentação de trechos e discussão sobre
as condições de vida
Doenças relacionadas ao lixo - Verminoses
10h A história de Carolina -
Como ela se tornou famosa e depois voltou à pobreza
Planejamento financeiro
11h30 Espaço para discussão e perguntas e encerramento
Dia 3 - Aplicação de proposta de produção
de texto - Quinta
Ações paralelas
- (em sala de aula ou extraclasse)
Mapeamento dos locais
que reciclam/compram lixo na cidade
Pesquisa e análise do saneamento básico nas favelas / Comparação com a
favela apresentada por Carolina e com as promessas políticas.
Produção de textos subjetivos (emotivos e poéticos) baseados na obra de
Carolina.
DDS Diário de Segurança
Produzir uma carta ao prefeito solicitando agilização nos cuidados com o
lixo reciclável
Levantamento junto à Secretaria de Meio Ambiente sobre projetos de
utilização do lixo
Campanha de recolhimento do lixo reciclável na escola + produção de obra
de arte com o material recolhido. Destinar corretamente este lixo.
Exibição do documentário “Todo mapa tem um discurso” (identidade
socioespacial)
Exibição do filme Ensaio sobre a cegueira e produção de arte
contemporânea.
Aspectos da narrativa e do diário
Produção de texto sobre Mobilidade Urbana e discussão sobre a
urbanização, favelização e outros processos no contexto da cidade.
5. Avaliação
● Processual
● Produção de texto
● Autoavaliação
● Valores sociais
5.1 Instrumentos de avaliação:
1. Participação do público na atividade
2. Feedback de participação
3. Produção de texto
dissertativo-argumentativo
4. Interação e atividade de lazer
5. Anotações e Registros na apostila criada
para o aulão
6. Formas de registro do Projeto
Registro
escrito - Convidar todos os alunos para registrar e selecionar trechos para
compor um texto único.
Montagem
de Portfólio - Raquel Donegá
Divulgação
- Raquel Donegá
Ilustração
- Ana Julia Abreu
7. Registro do desenvolvimento
A produção deste
projeto decorreu inicialmente da necessidade de discutir a questão da variação
linguística, no 3º ano EBEP.
Carolina Maria de
Jesus, catadora de papel, ficou conhecida mundialmente após ter sua obra
traduzida em 14 idiomas. Ela figura como uma grande autora brasileira, mas sua
obra ainda é posta à margem da literatura, possivelmente devido ao nível social
da autora e à falta de valorização da produção artística periférica.
Após a leitura inicial
da obra, a professora Raquel Donegá, de língua portuguesa percebeu a
possibilidade de promover um diálogo com outras disciplinas, como arte,
história, geografia, filosofia e sociologia. Tendo sido realizado os primeiros
diálogos, iniciou-se a produção do projeto, com a proposta de conversar apenas
entre Humanas e Linguagens num Aulão interdisciplinar.
Após aprofundar a
leitura, foi observada a possibilidade de abranger disciplinas, como Biologia e
Química, uma vez que os relatos de Carolina revelam problemas relativos aos
resíduos domésticos (lixo), à degradação do meio ambiente, à constituição do
lixo (chorume e gases, aterro) e à água.
Motivados por essa
primeira possibilidade de dialogar entre disciplinas diversas, começamos a
procurar relações que pudessem ser estabelecidas com todas as disciplinas,
buscando o máximo de transdisciplinaridade possível, donde surgiu a
possibilidade de abordar a necessidade do lazer na periferia, na disciplina de
Educação Física; e, ainda, determinou-se o Planejamento Financeiro como viés
para a discussão matemática, baseados na biografia da escritora, que mesmo
tendo sido reconhecida mundialmente e ascendido de camada social, teve uma queda
financeira e voltou a ser catadora de papel.
Encontrou-se uma
dificuldade severa para inserir a disciplina de Física, neste momento, já em
fase de assessoria com a Gerência Básica de Educação da Escola, nos
foi orientado pela assessora Ana Helena pensar na conservação do planeta do
ponto de vista físico, tendo sido encaminhado para o professor regente,
conteúdo relativo ao tema.
Estando o projeto em
fase de organização, foi agendada reunião com a coordenação pedagógica, na qual
se determinou os próximos passos para a realização do projeto e se fez
correções e apontamentos necessários.
Em paralelo, trechos
do livro estavam sendo selecionados e digitados para a distribuição e leitura,
bem como o preparo da apostila de textos e apontamento também estava em
andamento.
No dia 11 de junho, a
aluna Ana Júlia foi convidada a produzir ilustrações para decorar o material
produzido para as aulas, dada a qualidade do material. Outrossim, tivemos a
ideia de promover um café da manhã coletivo limitado a pão e café com leite,
favorecendo a reflexão sobre as limitações de consumo. Foi solicitada verba
institucional para subsidiar o café da manhã coletivo.
No dia 15 de junho, os
alunos assistiram ao filme “Ensaio sobre a cegueira”, a discussão inicial
procurou orientar reflexões sobre a coletividade e as misérias humanas causadas
pela precariedade e escassez. A próxima etapa desta ação foi aplicação de
dinâmica (22/06) e da produção de uma obra de arte contemporânea (29/06).
Na semana do dia 18
iniciou-se nas aulas de língua portuguesa as atividades com foco no texto
narrativo, para tanto abordou-se em sala os gêneros diário, música, fábula
entre outros, todos com foco nos elementos da narrativa (Personagens, Enredo,
Narrador, Tempo e Espaço). Os textos foram escolhidos ora focando na figura
feminina ora nos elementos da periferia, para tanto, analisamos textos como
“Amélia” e “Desconstruindo Amélia”, “Diário de um Detento”, “Meu guri” e
“Canção pro tempo”.
Em 10/09, ficaram
combinadas as datas 2 e 3 de outubro para a realização da culminância do
projeto no auditório e 4 para a produção de texto.
O primeiro dia do
projeto iniciou-se com café da manhã, serviu-se café com leite e pão com
manteiga. No início da aula retornamos o consumo desses alimentos por Carolina
em situações limite.
A professora Raquel
contextualizou a vida da autora e o título foi discutido a partir de
fragmentos. Tratou-se ainda da singularidade da autora, da obra e da sua
representatividade em relação à literatura brasileira, como representante da literatura
periférica, feminina e negra. Questionou-se a ausência de professores negros na
instituição e a necessidade de se valorizar as produções nacionais por suas
características de excelência.
Em seguida, a
professora Laís deu início à discussão
acerca do contexto histórico da
obra, destacando-se os aspectos
sociopolíticos do período no qual se insere, a partir das referências sobre
políticos e discussões eleitorais
citadas pela autora e as posições ideológicas pertinentes ao momento.
A professora Mila
trouxe à discussão estão, as relações entre o homem e a mulher que se
estabelecem no contexto da obra, perpassando conceitos de feminismo, machismo,
rivalidade feminina e maternidade.
No segundo dia, após o
café da manhã coletivo discutiu-se a favelização e marginalização das minorias.
Ainda se falou brevemente sobre a necessidade de se discutir políticas públicas
para atender às necessidades públicas.
Em seguida, a
professora Jaqueline abordou a especificidade das doenças de veiculação
hídrica, com foco em verminoses devido à necessidade de contextualizar com
fragmentos à obra, falando também sobre sintomas, ciclo da doença e profilaxia
em relação à biologia.
Por fim, apresentou-se
a evolução e decadência financeira de Carolina, como um problema a ser
enfrentado na esfera social e que se reverbera ainda na atualidade. O professor
Joelson Silva e o aluno Gustavo Dias adentraram a discussão acerca da
importância de se conhecer os conceitos de planejamento financeiro e de metas,
compreendendo a lógica do mercado financeiro e das relações que se estabelecem
entre dinheiro e qualidade de vida na sociedade moderna. O Planejamento
financeiro foi proposto como a chave para a compreensão de quem somos e quem
queremos ser no futuro, mesmo que ainda não tenhamos uma renda formal no
mercado de trabalho, mas ajudando nossa família no planejamento doméstico e
participando ativamente deste planejamento. Compreendendo melhor o dinheiro
podemos evitar os mesmos erros cometidos pela escritora Carolina de Jesus e, ao
mesmo tempo, refletir sobre as dificuldades enfrentadas por ela e por todos nós
que vivemos em um mundo capitalista e em constante mudança.
8. Considerações Finais
O desenvolvimento do projeto
Periferia: a linguagem do cotidiano brasileiro se manifestou também através de
uma metáfora acerca do quarto de despejo, pois a escola e o trabalho criativo e
transdisciplinar são cotidianamente silenciados e expostos à marginalização.
Convém dar voz às palavras da professora Mila, que destaca que nós professores
vivemos no Quarto de Despejo da sociedade, pois, “nós professores somos
frequentemente, como a Carolina, desvalorizados e submetidos a funções que não
nos permitem viver a plenitude de nossa vocação porque a demanda capitalista
nos explora e consome. Quão simbólico é que nosso grupo de projeto se chame
“Quarto de Despejo” (fazendo referência ao nosso grupo de discussão
extraoficial)! Todos somos um pouco Carolina quando precisamos lidar com essa
fome e sede de justiça que não se parece saciar. Mas a esperança nos move, e é
ela que garante que nossa voz seja ouvida. Ainda que muitos não compreendam
nossa escolha de repartir em um mundo que só quer para si, e nos observem como
criaturas exóticas dessas periferias que são nossas escolas, continuaremos
falando. Somos rebotalhos que não desistem de perseguir o arco-íris que foge de
nós. Força!”
O
projeto que iniciou-se após uma leitura de férias, teve sua fecundação durante
um dos cafés compartilhados em que diversas convergências de interesse
surgiram, deixando claro a possibilidade de correlacionar discussões nas áreas
de língua portuguesa, história, sociologia e filosofia em uma aula
interdisciplinar.
Em
oportunidades que se seguiram, as ideias foram se aprofundando e após a
releitura da obra, observou-se a possibilidade de se abordar conteúdos de
outras disciplinas, de tal modo que foram chamados para o diálogo professores
de geografia, biologia e química. A obra de Carolina, a cada leitura,
apresentava uma diversidade de abordagens que nos enchia os olhos, e ao adentrar
a vida da autora a possibilidade de dialogar com matemática, inclusive
abrangendo a dimensão da economia do doméstica e da importância da educação
financeira.
Durante
todo o processo de produção do projeto, os diálogos eram intensos e enchiam as
caixas de conversa do whatsapp e os corredores da escola, potencializando e
favorecendo a abordagem de diversos assuntos importante do ponto de vista
curricular. Foi maravilhoso observar as 3 unidades que tínhamos do livro
passeando pelas salas e sendo trocadas entre os alunos leitores, e perceber que
mesmo alguns que nunca tinham lido nenhum livro se interessaram em conhecer a
obra e acessaram pelo menos algumas de páginas.
A demanda por
discussões mais abrangentes e intertextuais é uma realidade. Notoriamente, o
processo de produção das aulas passou por dezenas de discussões, releituras e
muito estudo, não apenas da obra, mas dos conteúdos curriculares que
subsidiaram os diálogos intertextuais que se estabeleceram entre os trechos da
obra e os conhecimentos formais que se esperava construir ou retomar ao longo
das análises.
O trabalho transdisciplinar demonstrou à nossa
equipe a possibilidade de promover diálogos pertinentes a partir da literatura
e, mais do que isso, indicou caminhos para que possamos orientar a relação
entre as diversas formas de ensinar e de aprender, correlacionando os
diferentes conteúdos por meio de um eixo central. Demonstrou ainda que ao
encontrarmos este eixo, as conexões entre os docentes se estabeleceram de
maneira muito mais significativa e promoveu-se evidente aproximação entre os
colegas.
Observar os questionamentos, apontamentos e intervenções dos estudantes durante a culminância dos projeto, não apenas nos felicita como evidencia a pertinência das discussões levantadas, lançando luz sobre a necessidade de dialogar na esfera da intertextualidade e de avançar a interpretação de diversos textos que, ainda que riquíssimos do ponto de vista semântico, são postos à margem do sistema educativo.
Observar os questionamentos, apontamentos e intervenções dos estudantes durante a culminância dos projeto, não apenas nos felicita como evidencia a pertinência das discussões levantadas, lançando luz sobre a necessidade de dialogar na esfera da intertextualidade e de avançar a interpretação de diversos textos que, ainda que riquíssimos do ponto de vista semântico, são postos à margem do sistema educativo.
A professora Laís nos
representa muito quando ressalta que esse “é o tipo de aula que dá sentido à
necessidade da escola existir como espaço de construção de conhecimento, de
troca de saberes, dá sentido ao exercício da docência e a tudo o que a gente acredita
e sonha para a educação.” Mas ressaltamos que não se trata da aula em si, mas
do processo de construção que perpassa a produção de um projeto como este.
Nessa construção, cada trecho lido e cada conteúdo é pensado para que todos os
sentido sejam construídos significativamente e mesmo as críticas serão
consideradas como ganho, já que nossa função também perpassa a construção de
cidadãos e estudantes dotados de pensamento crítico.
Por fim, desejamos que
o olhar para os textos se amplie a partir desta proposta, demonstrando que como
educadores somos capazes de ultrapassar as barreiras do ensino tradicional
promovendo aulas dinâmicas e alicerçadas na construção e análise de conteúdos
condizentes tanto com o currículo escolar quanto com as discussões mais contemporâneas
que permeiam a sociedade.
9. Registro para divulgação
10. Apostila
Baixe aqui a apostila que montamos para nossos alunos!
(vou compartilhar em word para que você possa adaptar na sua escola)
(vou compartilhar em word para que você possa adaptar na sua escola)
11. Produções dos alunos
Charge
É
notório que atualmente a desigualdade social no Brasil vem crescendo cada vez
mais, e junto com a mesma, a fome acaba se destacando também não só no Brasil
mas no mundo todo.
É
importante ressaltar que, a desigualdade social é fruto da sociedade. Tendo em
conta que fomos nós que criamos todas essas diferenças como minorias, renda per
capita e classe social. Um bom exemplo disso é a facilidade de acesso à saúde e educação de qualidade para as pessoas que
possuem alta renda, pois podem pagar por serviços privados.
Além
disso, a fome também é consequência desses fatos, pois pessoas com baixa renda,
não tem condições de pagar por uma boa alimentação, com isso tendem a comer
restos de comida ou em alguns casos, como moradores de rua, eles nem tem acesso
à comida.
O
Brasil é um país com alta produção de alimento, porém ele é muito mal
distribuído, marcando a principal característica de um país desigual. Uma boa
forma de reverter isso seria implementando programas de distribuição de renda,
proposta pelo governo. Isso iria nivelar a desigualdade social e a fome no
Brasil.
João Neves 3ºC
A
fome é a escassez de alimentos que atinge um número elevado de cidadãos tanto
no Brasil quanto no mundo. Atualmente, mesmo com o alto nível de tecnologia,
milhões de pessoas ainda sofrem com esse problema no Brasil. Há inúmeras causas
que contribuem com a falta de acesso à alimentação.
É importante ressaltar os fatores que contribuem para
esse mal. Além de ter causas naturais, os seres humanos são os maiores
responsá- veis por esse fenômeno. O crescimen- to econômico é um dos principais
motivos, pois é insuficiente para acabar com a pobreza no país, devido à
concentração de renda, o que agrava a desigualdade social. Além disso, há
instabilidade política, má administração dos recursos públicos e a injusta
estrutura fundiária, o que impossibilita o acesso dos trabalhado- res aos meios
de produção e concen- tram às terras nas mãos de poucos.
A experiência internacional mostra que só se resolve o
problema com a ação firme e planejada do Estado. As políticas públicas de
combate à fome e à pobreza não devem se restringir a compensar os efeitos de um
modelo econômico. Qualquer tentativa de atacar os problemas da fome e a pobreza
deve considerar as suas mais profundas causas.
Levando em consideração esses aspectos, o Governo deve
repensar projetos sociais a curto prazo, reformulando antigos iniciativas, como
o Fome Zero e a Bolsa Família. A longo prazo, pensar em outras formas de
distribuição de renda. Cabe à sociedade ter solidariedade, por meio de
campanhas de doação. Só assim a fome vai deixar de matar pessoas na atualidade.
Matheus Muniz 3ºC
Desde o berço da humanidade a fome
está presente. Atualmente com as políticas inclusivas, o percentual de extrema
pobreza reduziu significativamente. Contudo, apesar de qualquer programa
governamental, sempre haverá indivíduos á margem da sociedade. Com isso, haverá
melhores formas de amparar tais pessoas?
É fato que o Brasil têm políticas
a
governamentais que visam tirar o
grupo da extrema pobreza e que houveram várias mudanças. A prova disso é a
saída da nação do Mapa da Fome em 2014, realizada pela FAO (Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura). Tal situação demonstra a
efetividade dos programas, mas que com o decorrer dos anos foram
negligenciados.
Além disso, sabe-se que que a
maior parte da população brasileira é pobre e que vive em periferias. Isso se
comprova através do livro "Quarto de Despejo- Diário de uma
favelada", que aborda a vida de uma moradora de favela que chega a comer
do lixo e ser mal-atendida pelos serviços públicos. Desse modo, percebe-se que
o cenário de anos atrás, da República Trabalhista, ainda é vivido hoje,
principalmente com a atual crise econômica do país.
Portanto, é imprescindível que
aconteça o melhoramento e supervisionamento nas aplicações das políticas de
amparo. Bem como a Secretaria dos Direitos Humanos, responsável por garantir os
direitos de todo cidadão, mesmo estrangeiro, deve reformar o Cadastro Único e
realizar o acompanhamento das famílias, idosos e crianças, garantindo seus
direitos. A fim de que seja efetivada a inclusão dos indivíduos e que tenham o
devido suporte. Pois só assim, a fome será vencida, não com caridade, mas com a
efetividade de tais suportes.
Ser pobre não é uma escolha
Discussões
sobre acabar com a fome e a desigualdade nos dias de hoje são muito polêmicas.
Mesmo com uma considerável diminuição de casos de mortes por desidratação,
buscar meios de erradicar tal taxa é essencial, pelo fato que há superprodução
alimentícia excedente ao número de habitantes existente.
Compreende-se
que a fome está diretamente relacionada à condição financeira dos individuos. A
má distribuição de renda ocasiona na falta de recursos básicos para a maioria e
excesso para a minoria. Em consequência a isso há um aumento na criminalidade e
desorganização governamental.
O
termo “só é pobre quem quer” aparece frequentemente em comentários precipitados
e mal fundamentados, pois pessoas só são pobres por não terem uma educação
digna e apoio do governo tornando assim a possibildiade de uma ascenção mais
difícil. Como aconteceu com Carolina Maria de Jesus que com seu livro “Quarto
de despejo”, em que fala sobre a dificuldade passada por ela quando pobre,
enriqueceu e logo após empobreceu por não ter uma educação financeira ou até
mesmo uma básica.
Com
base nos fatos acima citados, pode-se concluir que para extinguir a fome e
diminuir a desigualdade, diminuir a taxa de impostos para pessoas com renda
baixa, assim facilitando para que os mesmos tenham o que comer. Direcionar
parte do dinheiro adquirido com os impostos para a construção de novas escolas
à lugares menos favorecidos e na formação de novos professores.
Christopher Marim 3ªA
Raquel, como sempre você sendo espetacular e muito profissional. amei o conteúdo e o seu brio pelo que faz, sempre com muita dedicação e paixão pelo conhecimento.
ResponderExcluirvocê é um ser humano de luz!
Abs
Guilherme!
ExcluirObrigada pelo seu comentário lindo. É gratificante encontrar gente como vc no meu caminho profissional, mas é emocionante te manter na minha vida!